Por que mudar?

Nos últimos dias houve intensa movimentação, nas redes sociais, tendo como alvo as modificações introduzidas no trânsito no centro da cidade. Os qualificativos que li foram bem característicos e comuns das redes sociais. Há alguns que até argumentam, expõem suas ideias, opiniões e posicionamentos de forma educada, civilizada. Já outros preferem a agressividade gratuita, inconsequente, imaginando que as redes sociais são redutos de “vale tudo”, “salve-se quem puder”, “seja o que Deus quiser” e outras coisas mais. Mas, raros questionaram: “Por que mudar?” Sim! Por que mudar?

Porque é necessário!

Há muito tempo – diria que duas décadas, aproximadamente – tenho comentado na Coluna sobre a necessidade de se procederem mudanças no fluxo de trânsito das ruas centrais. A rua Cândido Costa, trecho da rua Marechal Deodoro até a Barão do Rio Branco, serve apenas para as “paradas para esperar vaga para estacionar”, com um claro “dane-se quem está atrás”. A Candido Costa tinha o mesmo sentido de tráfego da rua Dr. Antunes, ficando claro que era utilizada apenas pelos moradores de prédios locais e de quem queria acessar UMA quadra da rua Barão do Rio Branco.

Basta pensar!

Se observarmos o número de polos geradores de trânsito existentes na rua Dr. Antunes e no trecho da Marechal Deodoro até a Caixa Federal, constata-se que é expressivo. E por quais ruas esses polos poderiam ser acessados? Apenas pelas ruas Júlio de Castilhos – parte deles – e pela Marechal Deodoro. Os polos da Rua Dr. Antunes – há vários prédios residenciais e comerciais nela – somente tinha acesso pela Marechal Deodoro. Agora podem ser acessados pela rua Barão do Rio Branco, podendo sair para o oeste e sul da cidade pela rua Dr. Montaury. Certamente a simples inversão de mãos não resolverá. Outras intervenções serão necessárias, talvez mais sinaleiras (sincronizadas, claro) para pedestres e também para veículos.

Mudanças têm resistências!

Obviamente, os responsáveis pelas mudanças estão avaliando essas mudanças, sabendo bem que qualquer mudança na vida das pessoas acarreta resistências, algo normal. Mas, depois de avaliações e de tempo para os usuários habituarem-se com as mudanças, se pode emitir opiniões concretas. A presença de agentes de trânsito nesses locais é de fundamental importância para a segurança de motoristas e pedestres. E reafirmo, sem medo de errar, que Bento Gonçalves precisa, com urgência, de um PLANO VIÁRIO, um estudo profundo sobre o trânsito. O crescimento geométrico do número de veículos exige isso, pois nossas ruas centrais são as mesmas de 130 anos atrás.

E o nosso trânsito?

O problema do trânsito não existe somente nas ruas centrais. Ele se espraia por toda a cidade, bairro a bairro. Muito se deve às infrações cometidas pelos próprios responsáveis. Um dos exemplos é a instalação de tachões em muitas ruas, de forma que é explicitamente proibida pela legislação. Aqueles hexágonos enfiados no meio de várias ruas são o exemplo claro de violação legal, SMJ. Qual a finalidade deles? Impor redução de velocidade? Obviamente não consegue isso! Mas, impor danos aos pneus e rodas de carros, além de serem autênticos “caça-motos”, parece óbvio. Resta saber COMO acabar com eles e QUEM o fará.

Desigualdade?

Entre 2019 e 2020, o indicador subiu de 88,2 para 89 no Brasil, em uma escala em que, quanto maior a nota, maiores a desigualdade e a concentração de renda. Em 2010, tinha caído ao mínimo de 82,2. Entre as grandes economias, os países mais próximos do nível de desigualdade do Brasil são a Rússia (com 87,8 em 2020) e os Estados Unidos (com 85). No México e no Chile a pontuação foi a 80,5 e 79,7 em 2020, respectivamente. No Japão, subiu a 64,4. Informações divulgadas pela Rede Mundial CNN. Por que falo disso? Porque está insuportável ler, ouvir e ver comentários sobre “que o comunismo no Brasil é uma ameaça”. Que comunismo é esse, cara-pálida? Mais de CEM milhões de brasileiros estão na linha de pobreza ou abaixo dela. A média salarial brasileira caiu mais de 20%. Comunismo? Putz!!!

Crise no Estado?

A “jenialidade” do ex-governo brito negociou a dívida do Estado com o ex-governo fhc em 1997. O total da dívida era 9 bilhões. O Estado já pagou 37 bilhões e AINDA deve 70 bilhões. E agora o governo federal quer “renegociar” com exigências inacreditáveis. Além de explicar isso tudo para a população do Estado, o governador deveria mostrar o porquê do ICMS ser tão alto. Muita gente precisa saber disso para não falar à toa.

Últimas

Primeira: É bom dizer que a Constituição de 1988 atribuiu aos estados e municípios muitos deveres que antes eram federais, notadamente na área da saúde. Mas, para ajudar nisso, concedeu a eles o direito de cobrar vários impostos;

Segunda: Um desses impostos se tornou sua maior fonte de renda. O ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações é, atualmente, o sustentáculo maior da economia deles. Como, então, o Congresso e o governo federal querem legislar para reduzir essa arrecadação?

Terceira: Antes disso deveriam rever o tamanho da máquina pública e os penduricalhos absurdos existentes. Nos poderes públicos, qualquer mudança na legislação “preserva direitos adquiridos”. E para os mortais comuns não há “direitos adquiridos?”

Quarta: Nas empresas privadas, quando seus custos se elevam, as primeiras medidas tomadas são as de “reduzir custos e despesas”. Nos poderes públicos, a primeiríssima medida é “aumentar a arrecadação”. Como? Elementar: aumenta-se ou inventa-se impostos;

Quinta: O aumento recente do Imposto sobre Operações Financeiras – IOF – aplicado nos brasileiros pelo governo Bolsonaro é a prova disso. E se alguma empresa ligada aos poderes públicos reclamar, concedem-lhe “equilíbrio financeiro”. Essas “não podem passar por dificuldades”, então cobram mais dos “idiotas pagadores”;

Sexta: Quando acabarão com a reeleição no Brasil? Prefeitos, governadores e presidente nem começam seus mandatos e já pensam em reeleger-se. E é fácil constatar isso, inclusive nos cargos parlamentares;

Sétima: Dizem que “o agronegócio sustenta o Brasil”. Tento entender. Cada vez mais automatizam a produção, seja vegetal ou animal. Responde por um quarto do PIB e 48% das exportações brasileiras. Sim, mas quantos empregos gera e quanto pagam de impostos, sabendo-se que não há impostos nas exportações?

Oitava: E quantos desses 100 bilhões de dólares das exportações ficam no Brasil e quantos dormem em paraísos fiscais? Se não pagam impostos para vender, por que pagariam para investir no Brasil, né?

Nona: E “jesus chamou” o Grêmio. Talvez esperneie um pouco, mas o “chamamento” foi forte, intenso. Resistirá à “tentação”? A conferir!