Chute no traseiro! De quem?

Há algum tempo o Secretário Geral da FIFA, Jérôme Valcke, falou alto, claro e bom som que “alguém deveria levar um chute no traseiro”, em entrevista em que foi questionado sobre o andamento das obras da Copa do Mundo no Brasil, destacando o atraso das mesmas. A grande imprensa, comprometida politicamente até as entranhas, deitou e rolou com essa declaração de Jérôme. Boa parte dela incentivou sobremaneira a “tchurma” do “não vai ter Copa” e essa declaração veio a calhar para suas intenções sub-reptícias. Mas, o Secretário da FIFA não disse “no traseiro de quem” o ou os chutes deveriam ser dados pelo flagrante atraso nas obras. E é isso que questiono agora, baseado no histórico das obras no Brasil. No traseiro de QUEM, mesmo, o chute deveria ser dato!

A história é clara

Sim, claríssima, escancaradamente clara. Gostaria muuuuiiiiitooooo de saber QUAL obra pública foi iniciada e CONCLUÍDA dentro do prazo, nos últimos 500 anos, no Brasil. Se alguém souber, por favor, gentileza informar a coluna. Terei imenso prazer em divulgar a raridade. Por enquanto farei um exercício de memória – e sei que ela pode me trair – para falar sobre isso. O que é muito comum – diria até “normal”- acontecer é o atraso em obras públicas e PRIVADAS também. Obras públicas atrasam sistematicamente TODAS e sabemos que, em muitas delas, é para que se assinem ADITIVOS com aumento dos valores contratados. Criaram até uma leia que permite esses aditivos, visando, talvez, “diminuir o prejuízo” de quem executa a obra. Normalmente, os reajustes chegam a 25%. “Normal” isso! As obras da UPA de Bento estão atrasadas também. Mas isso é assunto para a semana que vem.

As obras da Copa

Bem, se atrasam TODAS as obras que não têm prazo fatal para serem concluídas, seria lícito se esperar que aquelas em que há um prazo, cujo não cumprimento coloca em cheque algum evento, tivessem dedicação especial para seu término, não é mesmo? Ledo engano! As obras da Copa até os paralelepípedos irregulares da rua Ângelo Salton, no Bairro Progresso, sabiam que deveriam estar prontas até meados de maio de 2014, certo? Pois é, mas até as obras privadas não foram concluídas dentro do prazo previsto. As reformas do Beira-rio deveriam estar prontas em dezembro de 2013. Em junho de 2014, em plena Copa, ainda há muito a ser feito. Se no Beira-rio aconteceu isso, é fácil imaginar o que ocorreu com as obras PÚBLICAS.

Qual o problema, afinal?

Sim, já está mais do que na hora de se questionar as razões pelas quais tantas obras públicas e privadas atrasam tanto, ao ponto do Secretário Geral da FIFA dizer que deveríamos “levar um chute no traseiro”. Seria porque as empresas responsáveis pelas obras atrasam propositalmente, visando obter vantagens de preços com os aditivos? Seria boicote político-partidário, já que politizaram a Copa do Mundo ao extremo, beirando a insanidade? Ou, talvez, incompetência dos executores dessas obras? Não sei, mas que deveria haver uma forte e profunda investigação a respeito, isso eu sei. O que não pode mais é a coisa continuar desse jeito. Então, penso que cabe a pergunta: no traseiro de QUEM devemos dar chutes? Particularmente, gostaria muito de saber. E você?

E por falar em obras…

Pois é, em se tratando de rodovias, no Rio Grande do Sul, penso que chegamos ao limite do descaso. Domingo passado fui para Caxias do Sul, utilizando a RS-453 – Bento/Farroupilha – e depois a RS-122, aquela em que o Brito havia enfiado um pedágio ridículo nos usuários da rodovia. A RS-453, certamente em boa parte por causa das chuvas, estava virada num chapéu velho. Buracos, crateras de tamanho assustador povoavam a rodovia. Não sei se já foram tapados, mas no domingo não deveriam estar ali, em nenhuma hipótese. Havia, inclusive, um desnível criminoso na ponte do Rio Buratti, com a rodovia mais baixa ao ponto de provocar tremendo impacto na suspensão dos veículos. Já na RS-122, cujo pedágio for eliminado pelo governador Tarso Genro, cumprindo promessa de campanha, a situação estava um pouco melhor, mas longe do que seria lícito esperar-se. A pergunta é: SERÁ QUE NINGUÉM VÊ ESSAS COISAS? Será que é descaso, incompetência ou boicote, também? O que todos sabem é que assim não dá para continuar.

Educação para quem?

Dia desses ouvi uma nota oficial da Universidade FEDERAL de Santa Maria informando que o acesso a ela deveria acontecer somente através do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Pensei com meus botões: Que coisa boa! Acabar com os famigerados vestibulares era tudo o que eu sempre imaginei que um dia iria acontecer. Há algumas décadas pensei num acesso à universidade pelo histórico escolar, notas obtidas e tudo o que gira em torno de um aluno. Mas, veio o ENEM e com ele uma série de benefícios que possibilitaram até mesmo os menos favorecidos poderem cursar o ensino superior. Mas, pouco depois, ouço algo que me surpreendeu: entidades empresariais de Santa Maria manifestaram contrariedade e insatisfação diante da medida. Por que seria, hein? Protestos dos abonados que podem pagar cursinhos para os filhos? Protesto dos que sempre tiveram “reserva de mercado” para usufruir do ensino superior gratuito, em detrimento dos menos favorecidos? Não sei, ainda, mas vou procurar essas informações.

Últimas

Primeira: Por mais absurdo, inacreditável, surreal que possa parecer, uma das “manifestações” que acontecem em São Paulo são do “Movimento Passe Livre”. Esses “sem noção” querem ônibus DE GRAÇA! Morro e não vejo tudo;
Segunda: Mas, já que eles se julgam no direito de querer passagens de ônibus GRÁTIS, acho que poderei começar um movimento visando “cafezinho livre”, onde todos possam tomar seu cafezinho SEM PAGAR. Que tal?
Terceira: Estive pesquisando a legislação municipal, pontualmente o Código de Edificações e o Código de Posturas. Li, reli, mas resolvi consultar pessoas mais afeitas à exegese e hermenêutica, já que, à primeira vista, me pareceu que essas leis são letra morta por aqui. Voltarei ao assunto;
Quarta: Sem dúvidas, as lâmpadas de LED iluminaram mais o centro da cidade. Mas, da mesma forma que houve questionamentos quando da substituição das antigas pelas lâmpadas de vapor de sódio, necessário se torna fazê-los agora: as atuais lâmpadas terão que destino?
Quinta: Cabe salientar que nunca houve informações por parte da prefeitura sobre as antigas lâmpadas. Mas, agora, com a Lei da Transparência, creio que será possível se saber;
Sexta: Definitivamente, não há mais “HORA DO PICO” no trânsito do centro de Bento. Há, sim, um recrudescimento preocupante no número dos “sem noção” que param em fila dupla, passam sinais vermelhos, desobedecem a sinais de trânsito, não sinalizam manobras, etc. Quem colocará um paradeiro nessa zona toda?
Sétima: Os “não vai ter Copa” devem estar com as barbas de molho e roendo as unhas. Ou não? Aliás, não só o Brasil “comprou” a Copa. Além de outros erros de arbitragens, favorecendo seleções, a Itália, ontem, não teve um pênalti escandaloso marcado contra si. A Itália também “comprou” a Copa. Pior é que há quem acredite nisso;
Oitava: O advogado Getúlio Lucas de Abreu, a quem pedi “socorro” na semana passada sobre o Decreto 8243, atendeu meu pedido e na semana que vem publicarei seu entendimento a respeito.