“Os outros”
Creio que é uma das principais características do ser humano pensar que só com “os outros” as coisas acontecem; só “os outros” erram; apenas “os outros” cometem infrações de trânsito; são “os outros” que são corruptos (notadamente “os outros” partidos, “não o meu”); são “os outros” que não sabem votar. Sim, “os outros” não sabem votar. Mas, por que é assim?
Simples, a meu ver. Se “os outros” não votam no meu partido, no meu candidato, “os outros não sabem votar”. Dia desses conversava com um dirigente partidário e o assunto foi, obviamente, política e eleições. Disse-me ele que “o Brasil está mal porque o povo (“os outros”?) não sabe votar”. Traduzindo: “se não votam no meu partido, no meu candidato, é porque não sabem votar e por isso o Brasil vai mal”. Que coisa, né? Ou “pensam como eu ou os outros estão errados”. Assim sendo, a solução é fácil: vamos acabar com “os outros”. Que tal?

E é contagioso isso?
Como estou muito distante de me considerar inculto ou mal informado, até mesmo pelo dever que tenho de opinar (não dar meros palpites) sobre vários assuntos, entendi que deveria assistir a todo o julgamento do mensalão (coisa, aliás, que não foram muitos a fazer), desde a acusação de Gurgel, passando pela defesa dos advogados e concluindo com o voto dos ministros do STF. Confesso que em várias oportunidades tive que congelar a imagem e pesquisar termos utilizados no julgamento, mas, para aprender, não há outro meio. Assim sendo, sempre opinei sobre o assunto pelo que assisti e não pelo que a “grande imprensa” quer enfiar na cabeça dos brasileiros, seja por qual motivo for.

Talvez seja

Não vou entrar no mérito da questão, apenas sobre constatações. Qualquer acadêmico de direito de primeiro semestre sabe que a exegese, a hermenêutica não são “ciências exatas”, não é mesmo? E é por isso que todos (ou quase todos, já que, em alguns casos, depende do partido a que pertença) têm o direito à ampla defesa, conforme preconiza o artº 5º da “constituiçãozinha” que temos. Não raramente, uma decisão judicial de primeira instância pode ser reformada no Tribunal, ou no Superior Tribunal ou, mesmo, no Supremo Tribunal Federal. E esse procedimento existe há séculos, sem jamais ter sido contestado. Correto, senhores advogados? Por favor, contatem a coluna se algo estiver incorreto, ok?

Ou, certamente, é contagioso?

Vejamos o que aconteceu esta semana, no julgamento dos “embargos infringentes” (aos quais os réus tinham, sim, direito). Antes haviam sido condenados por formação de quadrilha pelos mesmos que agora referendaram seu voto. Foram absolvidos antes pelos mesmos que absolveram agora. A diferença foi os dois votos dos novos ministros do STF. Os dois novos ministros não tiveram tempo de serem pressionados pela “grande imprensa”. Votaram argumentando suas posições, da mesma forma que os que condenaram. Aí vem a pergunta: “os outros” estão errados? Somente os que condenaram estão certos? “Quem pensa como eu está certo, quem não, errado está”! Esta é a nova norma da “democracia brasileira” atual? Esse é o “direito de livre expressão”? Se essa “livre expressão” for de acordo com a minha, tudo bem, senão eles serão “os outros”? Será que “os outros” contagiaram Joaquim Barbosa, o “reizinho” do STF? Será que há, na história da humanidade, algo semelhante ao que fez o “reizinho” da Veja com seus pares? Terá sido um simples “DÉFICIT CIVILIZATÓRIO” reiterado? Estará ele certo? Respostas para o e-mail da coluna, por favor. Mas, opiniões consistentes, não palpites. Estes nada somam.

As pendências

Bento Gonçalves está levando muita coisa adiante, sem solução. Temos várias, inúmeras pendências. O caso da bacia de captação é um deles. Há um movimento forte na comunidade, manifestado pela internet, no facebook (“O que Bento precisa melhorar e nossos representantes não enxergam”, procure e siga), visando a proteção da Bacia que está sendo ameaçada por eventuais mudanças no Plano Diretor, além de tudo o que já a ameaçada e agride. Outro caso é o da Via Del Vino, para cuja conclusão há verba a FUNDO PERDIDO (isto é, não precisa pagar) na Caixa Econômica Federal, dependendo de finalização do projeto. Os postes da Rua Marechal Deodoro e Marechal Floriano deveriam ser todos retirados, por exemplo. Há, também, o “caso da Rua Coberta”, cuja verba de um milhão e cem mil reais poderá ser perdida também (já foi?), a exemplo daquela para construção da nova Biblioteca Pública. O projeto da Mobilidade Urbana, feito em 2011, por empresa especializada contratada pela prefeitura, parece que sairá do papel. Sairá? E há mais “pendências” em Bento Gonçalves. Voltaremos a elas.

ÚLTIMAS

Primeira: Joaquim Barbosa, o poderoso presidente do STF, protagonizou, no meu entender, um lamentável episódio. Desconstituiu seus pares por não pensarem e decidirem como ele. Desconstituiu democraticamente, claro. Afinal, ele está certo. “Os outros” estão errados;
Segunda: Renomada revista Financial Time diz que “Brasil precisa ter um ministro da economia mais amigável ao mercado”. Tóóóóiiiimmmm!!!! Os “donos do Brasil” estão “magoados” com o ministro Mantega;
Terceira: Entendo. As “previsões dos profetas do apocalipse” não estão dando muito certo e isso prejudica seus ganhos de bilhões. Mas, será que até a imprensa do exterior conseguem comprar?
Quarta: A comunidade bento-gonçalvense aguarda, ansiosamente, o desfecho do derramamento de produtos químicos que provocaram intoxicação em funcionários da saúde e moradores vizinhos;
Quinta: Certamente há muita explicação para dar. As chamadas “autoridades competentes”, obviamente, virão a público para isso, não é mesmo?
Sexta: Banco Central aumenta a Taxa Básica de Juros em mais 0,25%, chegando, agora, a 10,75% ao ano. As “famiglias” rentistas brasileiras choram de rir. Afinal, se entopem de dinheiro do povo brasileiro;
Sétima: Pior de tudo é que os “economistas” que estão a seu serviço na imprensa continuarão a encher o saco com as “fórmulas mágicas”: juros altos, desemprego, recessão. Todos “remédios” já aplicados na década de 90, com os resultados que todos sabem;
Oitava: PIB de 2,3%? Que horror! Melhor teria sido um igual ao dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha… não, espera um pouco…é, melhor assim!
Nona: Agora é carnaval. Quantos desses “porcões” estarão soltos pelas ruas, urinando onde e quando bem entenderam, sem o menor respeito para com os demais?
Décima: Grêmio vence o Atlético Nacional por 3 x 0. Mas, a vitória do Newell’s Old Boys sobre o Nacional de Montevidéu causa preocupação. A vida do Grêmio na Libertadores não será fácil, certamente;
Décima-primeira: Esportivo penando para se livrar da segundona. Pode fazer, mas não levar gols aos 49 minutos. E jogar 2 vezes em 48 horas? Que é isso, Noveletto?