Um começo nada promissor
No artigo de quarta-feira comentei sobre as promessas de Sartori sobre o Imposto de Fronteira. Ele, a exemplo de Tarso Genro, prometeu durante a campanha e o seu vice eleito, Cairolli, confirmou depois da eleição. Mas o secretário da fazenda nomeado já está dizendo que “não é bem assim”. E é o mesmo deputado dos inflamados discursos na Assembleia, quando aprovaram o fim desse imposto, o que não foi acatado pelo governo Tarso. Estranho? Não, jamais cansarei de dizer que “são todos iguais”, “tudo farinha do mesmo saco”. A coisa mais fácil é ser oposição. É só criticar. Mas, o problema não é só esse imposto desgraçado. Sartori afirmou que os concursados da Brigada Militar, nomeados por Tarso Genro, não serão efetivados. Com isso, todos os que se aposentaram, saíram da BM ou morreram não serão substituídos, Governador? Já não basta a brutal defasagem existente no efetivo, intensificada pela “brilhante” ideia do ex-governador brito da “demissão voluntária incentivada”? Esse é mais um item a criar constrangimento no novo governo.

Boa notícia
Já o Secretário dos Transportes, deputado Pedro Westphalen, foi alvo de comentário da jornalista Rosane de Oliveira. Na sua coluna em ZH desta quinta-feira ela escreveu, sob o título “Herança Bendita”: “Apesar das más condições em que encontrou a maioria das estradas, o secretário dos transportes, Pedro Westphalen, está impressionado com o trabalho do ex-titular da Infraestrutura, João Victor Domingues. Westphalen recebeu um plano de trabalho azeitado, com contratos ajustados e dinheiro de empréstimos para obras nas rodovias. Um dos principais desafios dele é concluir os acessos asfálticos aos municípios”. Como se pode ver, o governo Tarso não mentia quando dizia que estava tendo dificuldades nas licitações para recuperação das rodovias. Westphalen, segundo suas próprias palavras, está com tudo na mão para resolver essas pendengas. Que comece logo, portanto.

O pecado da generalização
A reportagem levada ao ar no domingo pela Rede Globo, feita pelo excelente repórter investigativo Giovani Grizotti, escancara mais uma das tantas falcatruas que existem nesse Brasil de Cabral. Quando o navegador aqui aportou iniciou-se a corrupção, com o suborno dos indígenas nativos. E nos últimos sessenta anos os métodos foram sendo aperfeiçoados. Pena que o contraveneno, ou seja, o combate à corrupção não se aperfeiçoou na mesma proporção e velocidade. Até mesmo porque outros “interesses” falaram mais alto. Até os ligustros que insistem em refazer seus galhos na frente das antigas instações da Vinícola Salton sabem que em todos os setores de atividades, em todas as profissões existem corruptos e que não é só nos partidos políticos (TODOS). Mas, eles também sabem que a maioria das pessoas é do bem, de boa índole. Portanto, o pecado da generalização não pode ser cometido a torto e a direito como se têm visto.

Os inocentes sentem
O pecado da generalização afeta a todos, principalmente os inocentes. Uma médica de Chapecó escreveu para a ZH. O texto é comovente. Para quem não leu, ei-lo: “O que mais me entristece ao ver a reportagem, além do sofrimento do paciente, é ser colocada na vala comum dos meus colegas mercenários. Como médica clínica (miserável, quando comparada a determinados cirurgiões) que nunca cobrou um centavo de paciente internado pelo SUS, fico entristecida e desanimada com a medicina. Me alenta saber que, como eu, existem vários colegas que trabalham pelos necessitados, que não cobram nada por fora nos planos de saúde (e nem pelo SUS), e que só ganham brochuras de propaganda de laboratório”. No tópico seguinte, leia como a médica Carolina C. Ponzi expõe sua clara decepção com tudo isso.

Os inocentes sentem II
A médica prossegue na sua correspondência ao jornal ZH, edição do dia 6 último. Continua ela: “Como docente, tento ensinar aos meus alunos, explicando que nada tem maior valor que uma noite de sono bem dormida, com a sensação do dever cumprido. Mas, infelizmente, nós, médicos docentes, também deparamos com toda a sorte de caráter na faculdade e muitos dos quais acabam se revelando depois de formados. E, não se enganem! Há engenheiros, arquitetos, decoradores, policiais, advogados, veterinários e outros profissionais que vendem sua ética e sua moral para a indústria. É a microcorrupção que é praticada todos os dias, debaixo de nossos narizes. É o modus operandi do Brasil, infelizmente”. O lamento da Carolina é, certamente, o de todos os demais médicos honestos, do bem, que existem no Brasil. Eles, a exemplo de tantos políticos, advogados, jornalistas e outros honestos, éticos, do bem, sentem os reflexos dos atos desses corruptos. Por isso, não cometamos o pecado da generalização. Há muitas “carolinas” em todas as profissões. Ainda bem!