Presidente do CIC-BG avalia o período em que esteve à frente da entidade e fala de novos desafios

Elton Paulo Gialdi está se preparando para deixar a presidência do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG). Mas ainda responde, até o dia 31 deste mês, pelo comando da entidade – e com uma agenda repleta até lá.

No próximo dia 11, será o anfitrião para a posse do empresário Rogério Capoani como presidente do CIC-BG para o biênio 2020-2021. No mesmo dia, ele entrega a premiação do Mérito Empresarial aos segmentos da indústria, do comércio e dos serviços. E ainda precisa dar conta das atividades burocráticas, como os encaminhamentos a projetos que liderou durante sua gestão. Engana-se quem pensa que, feito isso, suas atribuições estarão finalizadas: logo em janeiro, já assume o exercício da presidência do Conselho Superior do CIC-BG. “O compromisso com as causas da sociedade é permanente. Analiso que a parte trabalhosa desta jornada fiz por gratidão e pelos sentimentos de plenitude e realização contidos na possibilidade de estar operando ações pela melhoria coletiva. Isso é formidável”, comenta
De fato, nos últimos dois anos em que o empresário do ramo dos transportes esteve à frente da entidade, o ritmo de trabalho foi intenso – não foram raras as vezes em que o Salão de Eventos foi ocupado por dois eventos em uma mesma semana. Foi um período recheado de desafios e de conquistas, principalmente nas áreas comunitária, política e de relacionamento, que ele compartilha a partir de agora com os leitores do Semanário.

Com que sentimento você deixa a presidência do CIC-BG?

De gratidão. Sem dúvida esse é o principal. O CIC me ofereceu muito retorno, o sentimento de realização frente a este desafio é algo muito forte. São muitas oportunidades de conhecimento e crescimento pessoal, profissional de gestão de relacionamentos. Entramos uma pessoa no CIC-BG e saímos outra. É uma grande realização pessoal estar à frente desta magnífica entidade, no município que me acolheu e me oportunizou todo o meu crescimento e prosperidade, minha família, meus negócios e meus relacionamentos de amizade.

O que Elton Gialdi deixou para a entidade?

É difícil falar a partir de uma visão tão pessoal, mas acho que muito e intenso trabalho, muita dedicação e compromisso com as causas da nossa comunidade e região. Na entidade, também procurei imprimir minha forma de relacionamento: simples, francos e sinceros. Essa proposta ajudou a fazer com que empresários de todos os portes e perfis percebessem que o ambiente da entidade também é para eles, acolhendo-os e integrando-os às rotinas da Casa.

Constitui uma diretoria muito unida, muito amiga e isso ajudou nas conquistas que obtivemos. Não há dúvida que a maior foi o retorno da Fenavinho. Este desejo e objetivo já vinha sendo buscado por outras gestões, e tivemos a oportunidade de ter a conjuntura adequada e necessária para o resgate desse projeto estando eu na presidência. A Fenavinho voltou porque houve quem trabalhou e articulou para isso, o que significou superar várias questões. Havia muito ranço e visões diferentes sobre este assunto, criticas e dissabores do passado, até fomos criticados. Mas o desejo de resolver a grande incoerência que tínhamos falou mais alto ao final. Como podemos ter o Título de Capital Brasileira do Vinho sem nossa grande festa popular? Foi muito importante trazê-la de volta depois de oitos anos, e não só porque o município precisava dela, mas também pela representatividade que ela tem. Foi a primeira vez em quase 40 anos que Bento voltou a receber uma visita de um presidente (o vice Hamilton Mourão esteve na abertura da Fenavinho e da ExpoBento).

A Fenavinho foi uma grande conquista, mas outras causas tiveram sua atenção, não é?

Desde que entrei no CIC, queria que os empresários, e a sociedade, de modo geral, tivessem uma outra visão da política, de entender a política não como politicagem. Isso foi muito interessante porque estávamos num momento de indignação com os rumos políticos do país, precisávamos de uma onda de renovação – as urnas mostraram justamente isso. Acredito que precisamos ser politizados porque é ilusão achar que não precisamos dos políticos. Precisamos, e muito, porque tudo é política, todas as decisões que impactam na nossa vida, para o bem ou para o mal, passam pela política. Enquanto reforçarmos o estigma de “político é tudo igual”, só saímos perdendo. Outra contribuição foi questão do relacionamento. Além da proximidade e valorização dos políticos que achamos serem compromissados com o Brasil, estabelecemos uma forte base de relacionamento com entidades setoriais e com os associados. Tivemos contatos estreitos com entidades, como a Federasul, a CICS Serra, a Famurs e a Amesne. Fizemos um trabalho forte com nossos associados e com novos associados – foram cerca de 100 que se juntaram a nós ao longo desses dois anos. Estendemos também nosso compromisso comunitário. A Fenavinho é o grande exemplo. Internamente, procuramos trazer o conhecimento dos presidentes de gestões anteriores do CIC para as novas gerações, compartilhando suas experiências e vivências. Adquirimos um novo sistema de gestão modernizando relações com associados, como a inscrição para eventos diretamente por meio do site da entidade, também modernizamos nosso informativo mensal.

Como foi ser o primeiro presidente a despachar na sonhada sede própria do CIC?

Foi uma grande honra, me sinto um privilegiado por ter esta oportunidade, vários presidentes há muitos anos trabalharam para chegar a esta realidade da sede própria e coube a mim ser o primeiro presidente da nova casa. Buscamos fazer excelente uso deste magnifico espaço, receber muitos eventos importantes e trazer debates importantes para o desenvolvimento de Bento e Região. Com isso, acredito que conseguimos exercer em sua plenitude todo o protagonismo e representatividade que o CIC-BG tem. Também buscamos agregar mais associados a nossa entidade, demonstrando que aquele espaço é para todos, empresários, grandes, médios e pequenos todos se fortalecem e ganham com os relacionamentos que o convívio no CIC pode ocasionar.

Poderia destacar alguns?

Acredito que todos foram feitos pensando no melhor para nossa comunidade, foram muitas palestras relevantes, abordando temas como reforma tributária e liberdade econômica, por exemplo. Tenho grande carinho por três eventos que realizamos porque eles mobilizaram toda a região da Serra, mas em especial, pelo Fórum da Infraestrutura, que reuniu dezenas de prefeitos e vereadores trazendo o debate de ideias sobre alternativas para nossa malha viária com representantes do DNIT, do DAER, com deputados estaduais, federais e até um senador. Foi uma oportunidade única, que há muito não se via na nossa região, que nos permitiu liderar iniciativas importantes e debater formas de melhorar nossa malha viária, por exemplo, porque a Serra, como região de grande produção de bens, precisa ter melhores condições para escoar sua produção. Para esse Fórum, foi preparado, nas salas do CIC de Bento Gonçalves, a partir de uma sugestão nossa, um mapa com as principais demandas de rodovias da nossa região. Meses depois, acompanhei o Senador Luis Carlos Heinze numa audiência com o Ministro da Infraestrutura, Tarciso Gomes de Freitas, em que esse mesmo mapa, desenvolvido por nós, foi a base da reunião.
Também tivemos o Fórum da Federasul e a Agenda 2020, que de certa maneira se locupletaram, a partir de demandas regionais encaminhadas ao governador. Debatemos a liberdade econômica, a reforma tributária, recebemos o governador Eduardo Leite, à época como candidato ao governo. Também instituímos um prêmio, o Dom Empreendedor, para homenagear grandes empresários que ajudaram a engrandecer a economia de Bento e região.

O que o futuro lhe reserva?

Nós tentamos nos planejar, mas sempre há margem para o acaso. O homem não é tão senhor de seu destino quanto imagina, algumas coisas acontecem ao natural e desta forma julgo serem as mais adequadas. Por ora, continuarei meu trabalho em prol da comunidade, atuando no Conselho Superior da Fundaparque, da Federasul e do próprio CIC. Quando assumimos um cargo como de presidente do CIC, assumimos desafios. E assumimos também um grande compromisso com nossa cidade e suas demandas. Seja em que entidade eu estiver, seguirei trabalhando e contribuindo para ver Bento Gonçalves cada vez mais desenvolvida.