De repente os olhos percebem algo “novo”, saem do modo “olhar de paisagem” e passam a notar algo na própria paisagem, embora estivesse ali, naquele mesmo lugar, durante todo o tempo.
Vivenciei recentemente uma dessas situações, pois num pacato domingo, quando retornava da UCS, na Rua Pedro Rosa, após levar meu filho Arthur para fazer o Enem, para minha sorte, a sinaleira fechou.
De repente lá estava eu, fitando uma aglomeração – esta permitida – de lírios amarelos, lindos pela própria natureza, os quais, ao sabor do vento, abanavam a todos que passavam, como em sinal de socorro ao adormecido, esquecido, doente e solitário Lago da Fasolo.
Escondido e preso entre cercas de arames, mesmo adornado pela graça beleza dos lírios, a história do Lago da Fasolo não lembra nenhum romance, tão pouco o famoso Olhai os lírios do campo, do nosso notável e saudoso escritor gaúcho Erico Verissimo.
Contudo, há muito tempo quer uma oportunidade para ser, senão amado, cuidado.
É verdade. De tempos em tempos o Lago da Fasolo vira notícia para limpeza de algas, novas tentativas de despoluição, fiscalização dos canos de esgoto – suicidas silenciosos da natureza – e assim lhe dão uma sobrevida, mas não uma vida nova. Segue, assim, iludido… até quando?
Importante registrar que, em 2011, por conta de projeto de Lei Ordinária de origem do Executivo 122/2011, aprovado por unanimidade, as áreas de seu entorno foram adquiridas pela Prefeitura Municipal ao valor de R$ -1.500,000,00- para se tornarem um parque municipal – o que parecia ser o início de uma nova história… infelizmente, se encerrou – até aqui – no primeiro capítulo.
Aliás, dos capítulos longevos de sua história, embora o lago não tenha sido protagonista, contudo, cada produto da expoente e famosa marca Fasolo que ainda nos orgulha, em algum momento teve sua beleza hidratada pelo DNA de suas águas. Com a devida licença e respeito, é preciso escrever novos capítulos àquele que seria um novo enredo iniciado em 2011; é preciso rebatizar o então Lago da Fasolo e parece-me que teremos muitos padrinhos.
A comunidade começa a se movimentar sobre o assunto dando o merecido oxigênio a esta nobre causa – www.facebook.com/LagoFasolo/ – e é merecedora de crédito, pois podemos salvar a distante e vasta floresta Amazônica começando pelo jardim da nossa casa. A nova administração municipal, por sua vez, entendo estar igualmente com toda energia para demonstrar que somos todos gente que faz Bento.
Enfim, dado o momento que vivemos, um novo parque para nossa cidade marcaria uma época em que a cor da esperança acena sempre a quem tem fé, em todo lugar… Que digam os lírios urbanos.