Segundo relata Remo R. Farina na “página CULTURAL do correio Riograndense na série “A ITALIA de nossos avós” (25) – Os Farina e o dialeto Cremonês II, da edição de 19-12-1984, na página 27: “Os primitivos Farina, aqui chegados, eram satisfatoriamente alfabetizados, e falavam dialeto cremonês, um linguajar alegre, de pronuncia peculiar, com certo tom afrancesado”.

A historia conta que a cidade de Cremonafoi fundada pelos gauleses, margem do Rio Pó, e mais tarde quando as Legiões Romanas avançaram rumo ao norte, para deter o corginês ANÍBAL, a cidade e a região, foram reduzidas à Colônia Romana, cerca de 218 A.C.

Com a queda do Império Romano, a COLÔNIA foi ocupada, primeiramente pelos godos e, em seguida pelos Longobardos, povo germânico, cujo domínio durou dois e meio século, incorporada do então, antigo reino Lombardo.

Os FARINA, de TORRICELLA DELL PIZZO, e todos os habitantes da região conheciam bem a história da Província, que era ensinada nas escolas visitavam assiduamente a cidade, guardando com carinho e orgulho a recordação daquelas muralhas, imemoriais e vetusta catedral medieval e o famoso “Torrazzo” com 121 metros de altura e se invaideciam ao comentarem que eram de Cremona, os mais extraordinários violinos, conhecidos no mundo como os guarnieri, Amasi e os Stradivárius.

GIUSEPPE FARINA nasceu em 06 de dezembro de 1853, em TORRICELLA DEL PIZZO, Província de Cremona, ITÁLIA e faleceu em Bento Gonçalves em 11 de maio de 1942, com 89 anos. Veio ao Brasil, moço ainda, após haver se desobrigado com o serviço militar em sua terra natal, trazendo consigo um coração cheio de idéias. Partiu do Porto de Gênova em 18 de outubro de 1879 na caravana em que constavam, entre outros, Pietro Lodi e Paolo Lodi, Giovanni Ferrari, Giuseppe Bé e Francisco Vicini. Eram todos cremonenses e falavam o dialeto de Cremona.

Em sua terra de origem, alguns cultivavam a terra, a pequena indústria rural, os vinhedos, mas a maioria eram artesões, moveleiros, marceneiros e ferreiros e nenhum era comerciante antes de vir ao Brasil.

Ao chegar ao Brasil no porto de Santos, S.P., dirigiu-se para o Rio Grande do Sul, tendo fixado residência num lugarejo denominado CRUZINHA (mais tarde Colônia Dona Isabel, hoje Bento Gonçalves). Inicialmente,conseguiu um emprego numa turma que abria picadas (trilhas). Posteriormente, pelo fato de saber ler e escrever, passou a auxiliar-ponteiro de agrimensor. Mais tarde, passou a dedicar-se a forjar objeto de metal como: facas, canivetes, ferraduras de cavalo e outros de uso imediato.

Sua primeira bigorna foi um bloco de pedra. O ferro para manufaturar os utensílios, ia buscá-los ele próprio, a pé em São Sebastião do Cai. A primeira bigorna* de ferro veio de Montenegro e foi transportada às costas de um jumento, através das trilhas e caminhos íngremes. Dura era a vida naqueles tempos. Mas, para quem sonha, não existe barreiras intransponíveis.