Dados da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul reforçam importância de atenção às atividades suspeitas, principalmente as de forma virtual

Bento Gonçalves teve uma leve redução de números de casos de estelionatos. O município registrou nos três primeiros meses do ano, números inferiores ao do ano passado, conforme aponta o índice criminal da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Segundo o levantamento feito pelo Semanário, na comparação ao mesmo período do ano passado, foram 37 ocorrências a menos. Apesar da redução, é necessário redobrar a atenção a possíveis golpes praticados, principalmente de forma online.

Segundo o delegado titular da Primeira Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, Fernando Cruz Alexandre, é difícil mencionar o que pode ter ocasionado essa queda, mas ele acredita que possa ser a disseminação de informação sobre esses casos. “A ampla divulgação dos golpes e a educação da população fazem com que os números caiam. Quando novos golpes são criados, a tendência é que os números subam novamente, até que as forças de segurança divulguem o modus operandi dos criminosos, fazendo com que os cidadãos passem a reconhecer o crime e se prevenir”, explica.

Conforme os índices criminais da Secretaria de Segurança Pública os números de 2021 foram superiores em relação aos outros anos. O delegado acredita que isso possa ter a ver com a pandemia. “Atualmente a grande maioria dos golpes ocorre pela internet. Com as pessoas mais tempo em casa e no celular, é possível que isso tenha ocasionado o aumento dos estelionatos. Também, na época, esse assunto não era tão divulgado e a população era menos esclarecida sobre os golpes”, afirma.

Para evitar esse risco, o delegado dá algumas dicas que podem amenizar as chances de acabar sendo enganado. “As pessoas devem redobrar os cuidados, especialmente quando receberem contatos externos de números ou fontes desconhecidas. Caso um familiar peça ajuda financeira, deve-se ligar e confirmar a identidade por vídeo, se possível. As instituições bancárias não ligam para os clientes, deve-se desconfiar e se dirigir à agência para verificar a situação; não havendo agência física, deve-se desligar o telefone e o cliente deve iniciar o contato fazendo ele mesmo a ligação para os canais oficiais do banco. Em geral, as pessoas também devem ficar atentas ao dinheiro fácil ou ao lucro certo, em regra essas situações são criadas para levar a vítima ao prejuízo”, alerta.

Maciel Giovanella, coordenador do Procon Municipal de Bento Gonçalves, explica que houve um aumento significativo nos últimos anos de golpes onlines. “No tocante ao nosso trabalho dentro dos Procons, defesa e proteção do consumidor, com relação a golpes financeiros e serviços, golpes pela internet, relacionados a compras online, o que tem sido verificado nos últimos três anos, é um aumento significativo no número de relatos que chegam através dos consumidores, mas de ordem preventiva, ou seja, quando ainda dá para se evitar a concretização do golpe”, conta.

Isso ocorre porque muitas vezes as pessoas chegam até o órgão para confirmar a veracidade de ofertas. “Esse tipo de situação, por muitas vezes chega até o Procon com o consumidor desconfiado do preço praticado, de alguma oferta milagrosa, busca auxilio preventivo, no intuito de verificar se efetivamente é algo correto ou não. Dessa forma, podemos dizer que os consumidores estão mais atentos a práticas duvidosas comerciais em todos os sentidos”, relata.

Justamente por isso, ele acredita que o número de golpes ocorridos tenha diminuído. “Podemos dizer, então, que essa redução, no que se refere a relação de consumo, se deve ao fato de que os consumidores estão buscando por informações seguras antes de efetuar quaisquer contratações”, esclarece.
Por fim, Giovanella alerta sobre os cuidados necessários para se prevenir de golpes. “O ideal é sempre ter cautela, verificar efetivamente promoções diretamente nos sites de compras. Evitar comprar por Facebook, Instagram e Whatsapp. Procurar se informar, se existem reclamações na própria internet com relação a sites de compras, bancos e demais serviços digitais, por exemplo se utilizando da ferramenta do “reclame aqui”, como pesquisa”, aponta.

Casos mais comuns de golpes

De acordo com o delegado, Fernando Cruz Alexandre, existem golpes mais recorrentes que outros, por isso, é importante ficar atento para até mesmo identificar as situações e estar em alerta. Como por exemplo, o golpe em que o estelionatário, normalmente utilizando-se de um número diferente, passa-se por um familiar da vítima, solicitando dinheiro por PIX, alegando que trocou de celular e que necessita pagar alguma conta urgente.

Outro muito comum é a falsa ligação de uma instituição bancária, dizendo que o cartão do cliente foi clonado ou a conta bancária invadida e, a partir daí, diversas solicitações são feitas. Algumas no sentido de possibilitar a efetiva invasão da conta ou solicitação de pagamento de um seguro para evitar o prejuízo.

Além desses, o golpe de vendas no Instagram é bastante recorrente, onde um perfil é hackeado, e os criminosos colocam móveis e eletrônicos à venda. Dessa forma, vítimas acabam comprando os bens acreditando que estão negociando com alguém conhecido, e após fazer o PIX, não recebem o produto.