Entidade tem se empenhado em auxiliar na boa gestão dos recursos públicos, além de levar iniciativas ligadas à cidadania e à educação fiscal às escolas

Quando participava de uma atividade de sua pós-graduação na área das Ciências Contábeis, a contadora Samara de Andrade, de 39 anos, conheceu o trabalho desenvolvido pelo Observatório Social do Brasil (OSB) em Bento Gonçalves, durante uma palestra que assistia na universidade. Interessada pelo tema, entrou em contato com a entidade, se prontificando para atuar como voluntária, e, alguns dias depois, já estava dando suporte as ações do OSB no município.

Instalado na cidade em dezembro de 2016, o Observatório monitora a gestão pública de forma preventiva, acompanhando, sobretudo, os gastos realizados pelos poderes Executivo e Legislativo e, a cada quatro meses, presta conta de suas atividades. Às vésperas de completar três anos, a unidade local da instituição tenta agora sensibilizar mais adeptos que estejam dispostos a doar um pouco de seu tempo em prol de tão importante mobilização.

Um dos pontos que são acompanhados de perto pelo órgão são as licitações promovidas pela prefeitura e pela Câmara. Esta é, justamente, uma das áreas em que Samara auxilia, analisando os editais que são publicados pela Administração Municipal e pela presidência da Casa.

Além disso, ela também confere balancetes e outros documentos publicados no Portal da Transparência. Quando se depara com alguma situação que gere dúvidas ou na qual possa ser sugerida alguma melhoria no procedimento, ela reporta o caso à coordenação do OSB.

O resultado é uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que reforça a sua participação como cidadã, em um papel que traz benefícios à coletividade, ela também amplia seus conhecimentos. “Há muitas questões ligadas às contas públicas que são diferentes, então, para mim, é um aprendizado constante. Acredito que, tendo o interesse de se envolver, todo mundo pode ajudar de alguma forma. Indiferentemente de governos e partidos, estamos pensando no bom uso da máquina pública”, afirma.

Cidadania e Educação Fiscal

Com a experiência de quem atuou por décadas nos ramos bancário e administrativo, o aposentado Marco Mergen, de 55 anos, abraçou a causa do Observatório Social desde a sua fundação, e agora compartilha sua sabedoria com os mais jovens. Uma de suas atividades como voluntário é falar sobre Cidadania e Educação Fiscal a alunos do 9º ano do Ensino Fundamental – o assunto é levado aos estudantes por meio de palestras e da distribuição de um gibi produzido pelo OSB-BG.

Com formação também em Gestão Pública, Mergen tem acompanhado, ainda, os novos projetos elaborados por prefeito e vereadores, estudando a fundo as futuras leis e conferindo se há pontos em que elas podem ser melhoradas. “Muitas vezes, quem faz a lei não consegue perceber todos os impactos que ela pode ter na sociedade. Nessa hora, um olhar de fora pode fazer a diferença, e é por isso que eu decidi participar. Precisamos conhecer mais, saber como as coisas realmente funcionam. Dessa forma, além de aprender, podemos educar uns aos outros”, destaca.

Mergen salienta que só o fato de haver alguém fiscalizando já pode inibir eventuais práticas que não sejam boas. “Isso não significa que haja irregularidades, significa que estamos atentos. Temos que falar abertamente e de forma lúcida sobre os problemas, porque eles estão na sociedade como um todo. Então, por mais que não possamos mudar muita coisa em pouco tempo, cada pequena mudança que surgir vai trazer consequências muito positivas para a comunidade. E o que me motiva é poder fazer parte disso, porque é algo grandioso”, conclui.

A formação do cidadão

Embora nos dois casos apresentados, de Samara e Marco, os voluntários venham de áreas técnicas que podem dar um grande auxílio para o trabalho desenvolvido pelo Observatório Social, a formação acadêmica não é um pré-requisito – e muito menos um obstáculo – para aqueles que desejarem contribuir junto à entidade e, especialmente, se tornar cidadãos mais conscientes. “A transparência e o empoderamento do cidadão são importantes em tempos de grande abertura de informações, nos quais as revelações sobre a corrupção abalaram o Brasil, e diante dos grandes dilemas, sejam eles da desigualdade econômica ou da falta de transparência. O sentimento de desânimo frente a esses desafios não é incomum, especialmente porque a classe política brasileira parece fazer pouco para atender às expectativas de um país mais justo e honesto. Os recursos públicos nada mais são do que dinheiro da sociedade arrecadado através de impostos. Saber o que é feito com ele não é apenas um dever, mas um direito de cada cidadão”, aponta Simone Taffarel Ferreira, Vice-Presidente para assuntos de Voluntariado, Capacitação, Controle Social e Metodologia.

Simone ressalta que este processo de construção da identidade do cidadão demanda tempo, principalmente para desconstruir a cultura de comodismo muitas vezes arraigada em nosso meio social. “Ninguém nasce cidadão, mas torna-se cidadão pela educação, porque a educação atualiza a inclinação potencial e natural dos homens à vida comunitária ou social. A cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la, de praticar o exercício pleno dos direitos civis, políticos e sociais. Cidadania é, nesse sentido, um processo, não é algo pronto”, acrescenta.

Desafios do OSB-BG

Entre os desafios a serem enfrentados, ela destaca pelo menos três principais. Um deles é consolidar a vocação transformadora do voluntariado por meio de práticas contínuas e permanentes. Em seguida, vem o trabalho de conscientizar que o cenário não é necessariamente feliz, que poderá não ser simples e fácil e que é necessário e fundamental o comprometimento com seriedade e responsabilidade. Por fim, aquele que talvez seja o maior de todos: a gestão eficiente em organizações e projetos da sociedade civil que envolvam voluntários, pois estes espaços são o início de um grande movimento de mudança no Brasil. “O Observatório Social do Brasil – Bento Gonçalves é um espaço que movimenta mudanças e fazer parte dele é uma excelente oportunidade para participarmos na construção de um município melhor, para cada um de nós, aqui e agora, e para as gerações futuras”, finaliza Simone.

Para fazer parte

Atualmente, o Observatório Social em Bento Gonçalves conta com 24 voluntários cadastrados, mas apenas dois trabalham de forma direta, e outros quatro por demanda. A participação, como já mencionado, não exige uma formação específica, mas é preciso atender a alguns atributos de perfil, como por exemplo:

– Ter disponibilidade de tempo para prestar sua contribuição ao Observatório e ser comprometido;

– É expressamente vetada a participação, em qualquer categoria, de pessoas que estejam filiadas a partidos políticos ou participem de movimentos político-ideológicos; ou que ocupem cargos ou funções em órgãos públicos objeto de controle social do Sistema OSB ou com consanguinidade até o segundo grau com funcionários comissionados e/ou subordinados do órgão observado.

Contato

Telefone: (54) 9.8432.9337

E-mail: [email protected]

Endereço: Alameda João Dal Sasso, 800, Bairro Universitário | UCS/Carvi – Bloco H/Sala 108

Conheça mais no site: www.bentogoncalves.osbrasil.org.br

Fonte e foto: Exata Comunicação