A produção de vinho foi crescendo até o ponto em que o mercado local e regional foi insuficiente para absorver toda a oferta, sendo preciso buscar novas saídas para o excedente.

Naquele cenário de então, sugiram duas pessoas inteligentes, orgulho de um povo que soube vencer os obstáculos de uma terra íngreme rumo ao progresso e ao desenvolvimento. Tratava-se do toscano Antônio Pieruccini, natural de LUCCA (Itália) e do Vicentino Abramo Eberle, natural de Vicenza (Itália), ambos agricultores de origem, dotados de coragem e espirito pioneiro fora do comum.

Pieruccini já havia viajado pelo Centro-Sul do Brasil. Em 1898, empreendeu o que pode ser considerada a primeira grande expedição de comercialização e transporte do vinho gaúcho em direção aos mercados do centro do País, quando conduziu um carregamento de vinho, em lombos de burros, até São Paulo, interior do estado, São Simão, conseguiu vender todo o lote.

Eberle, dois anos após, arriscou-se e chegou com o primeiro carregamento de vinho até a capital paulista, após jornadas dolorosas no seu percurso, no lombo de muares, também consegui vender todo o lote.

Dessa forma, iniciou-se uma nova fase no progresso da Colônia Italiana, permitindo assim uma nova expansão da produção vitivinícola, que além do Estado do Rio Grande do Sul, passaria a fornecer vinhos aos outros estados.

A figura negociante que surgiu na região a partir de 1880, foi em muitos casos, o núcleo que deu origem a povoados, vilas e cidades de hoje. Este negociante trabalhava basicamente com o comércio de produtos suínos (salame, banha) queijo e manteiga, cereais e vinhos.

A vitivinicultura tomou grande impulso com a ligação ferroviária, possibilitando expandir a área plantada e elevar a produção do vinho, que passou a ser transportado de trem até Porto Alegre.
No ano de 1900, vendia-se para fora do Estado cerca de 1800 hectolitros de vinho.

No momento em que iniciou o comércio do vinho, surgiu a figura também expressiva da nossa vitivinicultura colonial e do tanoeiro que construía os barris.

As tanoarias se multiplicavam, vindo até mesmo alguns imigrantes portugueses.

A construção de barris é uma arte extremamente difícil e árdua. O tanoeiro é um tipo muito forte, pois além de talento e arte, se lhe exige muito esforço físico, enfrentando variações de temperatura, uma vez que ele lida com fogo e pesadas ferramentas. Apesar disso, é um tipo muito alegre, mesclando trabalho árduo com canções, que o tornam um elemento muito folclórico.

As unidades de medidas dos barris de madeira utilizados na época eram as seguintes: Cartola, 400 litros, Bordaleza, 200 litros; Quarto, 100 litros; Quinto, 80 litros; Décimo, 40 litros; Vigésimo – (Barrilete) 20 litros.