O mundo empresarial atual não é mais o mesmo. Hoje, diferente de 40 anos atrás, a competição é global e os concorrentes não estão localizados somente no mesmo segmento. Os concorrentes das fábricas de móveis podem ser também as empresas de eletrodomésticos pois nós, consumidores, podemos trocar a cozinha ou comprar 2 novas TVs de plasma ou, dependendo do valor, até trocar de carro. 

A globalização chegou e não pode mais ser entendida somente pela concorrência mundial entre países. Deve ser entendida também pela competição pelo dinheiro do consumidor, ou seja, a PLENA GLOBALIZAÇÃO.

Além da concorrência maior, outros fatores como consumidores mais exigentes, vendas via internet crescendo, novos canais de distribuição emergindo, clientes mais sensíveis ao preço, competidores mais especializados em nichos de mercado, marcas novas a cada dia, tudo isto contribuindo para a necessidade das empresas repensarem sempre seus negócios.
O setor vinícola, muito presente na região da serra do RS, também está inserido neste contexto como não poderia deixar de ser.

Por isto proponho uma reflexão aos participantes deste segmento.

Primeiro, algumas considerações:
1) O setor está presente por aqui, na forma de vinícolas, há mais de 110 anos;
2) Os concorrentes são nacionais e, principalmente, internacionais e existem inúmeras marcas de vinhos em todos os mercados;
3) Há poucos fornecedores de garrafas; muitos de uva;
4) Os clientes possuem um poder muito maior que as vinícolas;
5) Existem muitos produtos substitutos como cerveja, água, refrigerantes, bebidas quentes, etc;
6) Existem baixas barreiras à entrada de novos concorrentes.

Estas características fazem com que a lucratividade do segmento seja cada vez mais espremida. Isto gera uma pressão das vinícolas contras os fornecedores ( de insumos e também de uva ) para baixar preços. Gera também uma pressão dos clientes contra as vinícolas para também reduzir preços. Todos pressionam todos e poucos crescem.

Quero dizer que toda a cadeia produtiva do setor vinícola brasileiro está pressionada. Isto é insustentável na minha opinião. O setor não consegue crescer, as vendas per capita não crescem, as empresas não crescem e mais pressão ainda em todos os participantes. Resultado, lucros menores.

Quantas grandes empresas produtoras de vinho você conhece? Poucas, certo?. Por quê?
Em 110 anos já deveriam existir muitas grandes empresas vinícolas se o setor fosse mais competitivo internacionalmente, se os impostos fossem menores e se as vinícolas construíssem novas formas de chegar até os mercados, entre outros fatores. Produzir vinhos já não é suficiente. O turismo já não é suficiente. Novos produtos como espumantes e suco ajudarão no futuro mas também não serão suficientes no longo prazo.

Sugestão: o setor vinícola deve desenvolver novas formas de chegar até os consumidores, agregar valor e investir novos produtos.

Abrir lojas exclusivas da marca deve ser uma alternativa viável e duradoura. Competir internacionalmente também. Segmentar marcas uma opção muito viável. Rejuvenescer os hábitos de consumo uma ação das mais importantes. Novos produtos e novos canais de distribuição uma solução urgente.

Ou o turismo salva a indústria vinícola ou procurar seguir este caminho apresentado neste pequeno artigo é uma boa alternativa. Chamo este de MODELO EXISTIR ( EX = exclusiva; I = internacional; S = segmentação; T = tendências de consumo; I = inovação e R = redes de distribuição ).

Você decide. Mas decida logo pois o tempo passa.

Pense nisso e sucesso.