Não é de hoje que os problemas na área de saúde, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), assolam o país e são temas de discussão na comunidade, no meio político e também jornalístico. Quem precisa recorrer ao SUS já sabe. O tratamento quase sempre é ruim, e a espera por exames e cirurgias pode levar meses. Dá até medo de morrer na fila. As principais causas do serviço deficiente são a administração ineficaz e a falta de verbas.

Quem já precisou dos serviços do PA 24 horas sabe como é o atendimento, salvo raras exceções. Os médicos se queixam que ganham pouco, que um procedimento pago pelo SUS é irrisório, mas isso não justifica certos casos que acontecem. Na maioria das vezes, uma consulta não dura mais do que alguns minutos, com o profissional receitando logo um medicamento desses mais populares.

Não existe mais aquela preocupação de saber o que realmente o paciente apresenta no seu quadro de saúde. É evidente que as entidades médicas têm todo o direito de definir as estratégias de luta para enfrentar os principais problemas do setor, como a escassez de recursos financeiros, materiais e humanos para manter os serviços de saúde operando de maneira apropriada. Mas, é preciso que isso seja feita sob a ótica do paciente, da pessoa mais pobre. E o governo federal não pode continuar fazendo de conta que temos um sistema de saúde público confiável, que atende as necessidades do povo, pois isso não é verdade.

O pior de tudo é que os problemas que ocorrem diariamente no PA 24 horas atingem os dois lados da moeda: os pacientes do SUS, que esperam horas para serem atendidos, e os funcionários do setor, que estão sobrecarregados ao extremo para atender um número tão grande de pessoas.

A comunidade está no seu limite e não aguenta mais esperar por melhorias que nunca chegam. Os funcionários da área da saúde, por sua vez, querem melhores condições de trabalho e o aumento no número de profissionais para atuar no setor. Desta forma, a conta não fecha e a crise no SUS tende a aumentar cada vez mais.

O SUS padece de duas deficiências graves e crônicas: gestão ineficaz e recursos insuficientes. Uma política de valorização do cidadão, pelo reconhecimento de seus direitos mais elementares – que inclui a superação de gargalos históricos como a precariedade da saúde e a baixa qualidade da educação, ainda capenga no que tange à democratização das oportunidades -, certamente produziria efeitos sociais mais consistentes do que as verbas emergenciais destinadas com estardalhaço sobre os palanques e as bolsas isto e aquilo. Políticas de renda mínima seriam desnecessárias se os governos fizessem sua parte, concedendo aos cidadãos aquilo que é seu por direito, em vez de relegá-los a uma situação de necessidade e dependência.