A história é de Dona Carolina Maria Fernandes de Matos Cunico. Uma senhora muito humilde e com sorriso largo. Filha de pai índio e mãe italiana, Carolina criou 12 filhos (dois deles filhos do primeiro casamento do marido) e hoje já carrega na bagagem 15 netos, nove bisentos e uma tataraneta. Nisso vão-se cinco gerações, de uma família que diz-se abençoada e com uma mãezona que garante ter orgulho dos progenitores.

Casou cedo, tinha apenas 19 anos e na época, foi além da sua geração pois juntou-se com um homem mais velho e que já tinha dois filhos. Trabalhou como agricultora auxiliando o marido e tirando o sustendo da família. Na infância dos pequenos, Carolina lembra que a vida não era fácil, mas que sempre foi possível dar de comer à sua prole. “Todos os dias eu conseguia dar uma fatia de pão e um pedaço de queijo feitos por mim e um copo de leite, direto da vaca da nossa propriedade. Isso me deixa satisfeita, pois sei que consegui deixá-los fortes, por meio do meu serviço”, alegra-se.

E quando os filhos ficavam doentes, a fé era sua maior força. O caminho era longo, não havia hospital nem médicos por perto, mas as homeopatias salvaram seus filhos em diversos momentos. “Eu pegava o cavalo, com o filho doente no colo e um maiorzinho na garupa, com frio, andava alguns quilômetros até chegar no farmacêutico, para que ele me desse remédio e eu ainda teria que voltar com as crianças à cavalo, independente do frio, da chuva, eu me virava”, assegura.

Sem estudo, a mãezona garante que dar uma boa educação para os filhos era sua meta. “Eu não poderia deixar que acontecesse com eles, o que aconteceu comigo. Eles tinham de ir à escola, precisavam de boas notas, tanto que hoje o meu maior orgulho é ver que os dez têm trabalho, que conseguiram construir sua história e sua família”, comenta.

Coruja mesmo, assumida. Assim Carolina pode ser denominada pelos filhos. “Ela é guerreira, está sempre com um sorriso no rosto, tem brilho nos olhos e é nosso exemplo. Batalhadora, criou a gente com muito pouco e hoje temos todo o amor do mundo”, emociona-se Leodi Cunico, uma das filhas.

Carolina não é coruja só porque cuidou de todos e ofereceu do bom e do melhor para os filhos. Ela é porque até hoje não consegue ficar uma semana ser vê-los. Morando atualmente com uma das filhas, ela garante que precisa ter a família por perto para se sentir protegida e amada. “Um deles vai todos os dias pela manhã me visitar, a cada final de semana eu passo o sábado e o domingo com algum. Eu fico ‘perambulando’ mas confesso que adoro, assim tenho a oportunidade de estar com os dez”, salienta.
Para ter a saúde em dia, o sorriso sempre no rosto e disposição, a mãezona garante que o segredo é ter vontade de viver. “Não tenho uma fórmula mágica, mas ser feliz me consome, tenho uma família linda e quando paro para perceber o resultado, vou ao céu e volto. Me sinto imensa”, finaliza.

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