Quando, na década passada, afirmei, em minhas colunas, que a política brasileira seria dividida em APT e DPT, confesso que não imaginei que chegaríamos ao atual estágio. Quando Olívio Dutra se elegeu governador do Estado, houve uma sequência surpreendente de cobranças nunca antes feita pela imprensa e, por consequência, pela população. Cobraram intensamente dele as promessas feitas na campanha política, coisa que sempre passava batido, fosse quem fosse o eleito. Olívio Dutra sentiu na pele o que era “ajoelhar e não rezar”. As oposições de então não tiveram nenhuma complacência com ele. E aconteceu o que se previu, com Rigotto e com Yeda Crusius. Claro que em menor intensidade, mas as cobranças aconteceram. Todavia, o grande problema foi a manequeização de tudo, no Estado. A partir de então, a política foi dividida entre os petistas e antipetistas, sendo os demais partidos meros coadjuvantes do processo politico-eleitoral, tendo maior ou menor importância em razão do “tempo de TV”. Sim, os “adesistas”, “coadjuvantes” ou “coligados”, de acordo com esse tempo, passaram a ter maior ou menor espaço nos governos, notadamente do quesito “cargos”. Mas, aí o PT venceu eleições presidenciais com Lula. O que acontecia no Rio Grande do Sul tomou proporções nacionais. O petismo e o antipetismo, com todo o maniqueísmo disso advindo, colocou a Nação numa sinuca de bico. As consequências logo se fizeram sentir, com a oposição – os antipetistas – tendo confrontos diretos e que transcenderam as fronteiras da política convencional até então existentes, qual seja, a de que partidos políticos eram adversários, pura e simplesmente. Petistas e antipetistas passaram a ser inimigos figadais e, graças à inconsequência de setores da grande imprensa, conseguiram levar esse confronto absurdo para boa parte da população. Tanto é que nenhuma eleição mais terminou no dia da apuração das urnas e posse dos eleitos. Elas continuaram acirradas, notadamente depois de 2006, quando Lula conquistou nas urnas o segundo mandato. Mas, foi em 2010, com a eleição de Dilma que as coisas saíram completamente de controle. Não se vive mais a política como ela era. Hoje, recrudescidos pelas redes sociais, os confrontos tomam proporções preocupantes. Petistas e antipetistas se prometem de parte a parte. Verdadeiros exércitos de “militantes” foram criados para “combater o inimigo” nas redes sociais. Injúrias, calúnias, difamações, mentiras estão sendo postas de ambos os lados e encontrando adeptos que, sem a menor preocupação em checar o que recebem, repassam tecendo até “comentários abalizados” a respeito. O resultado disso poderá ser de proporções inimagináveis, não tenho dúvidas. Restará as pessoas de bom senso ignorar essa verdadeira “guerrilha eleitoral” que está tomando conta do Brasil. A conta e as consequências disso tudo será a população que irá pagar. Quem viver, verá!