Em tempos de coronavírus, os pequenos pedem muito mais que brinquedos. Além de tablet, jogos, dinossauros e bolas, eles querem a volta à normalidade

O Natal tem um significado especial. As crianças que o digam, pois são as que confiam na magia que a data possui. Muitas ainda acreditam que o papai Noel virá em um trenó com renas, e deixará presentes na chaminé.

Os filhos do empresário Vinicius Carvalho e da professora e psicóloga Karina Celant são exemplos disso. O mais velho, Bernardo de 10 anos, está em uma fase diferente, pois não acredita mais na existência do “bom velhinho”, mesmo assim, curte os momentos em família. “Helena tem um ano e quatro meses, ela imita o ‘ho ho ho’ do Papai Noel e adora ver as luzes e enfeites. O Augusto tem cinco anos, e gosta de escrever a carta para o Papai Noel e fazer desenhos”, afirma Carvalho.

Os irmãos têm pedidos em comum, de acordo com o pai. Eles costumam querer de Natal itens como “jogos de tabuleiro, bola, coisas relacionadas ao futebol, que eles adoram, e games”, salienta.

Entretanto, muito mais do que presentes que o dinheiro pode comprar, as crianças anseiam por algo muito maior. Mesmo com tantas boas expectativas, 2020 foi inesperadamente atingido por uma pandemia, o que mudou a vida de todos. Helena, Augusto e Bernardo querem que tudo volte a ser o que era antes de março. “Um pedido especial deste ano é que o coronavírus acabe logo para que a gente possa ter uma vida ‘normal’ outra vez. Que todas as pessoas tenham saúde e sejam fortes para vencer este vírus’”, conclui.

Data gera grande expectativa para crianças

O ourives André Zardo e a gerente de loja Carolini Capanema têm duas crianças para presentear em todos os natais. “A gente tem um de quatro anos e outro de 14. Eles têm expectativas completamente diferentes sobre o que é Natal”, relata Zardo.

Carolini explica que o caçula ama a data, tanto que muito antes do início das festas ele já começa a cobrar como vai ser e o que vai ganhar. “Quando iniciou o mês de novembro, já despertou a ansiedade para chegar logo a data. Ele ama montar a árvore conosco, escolhe os enfeites e fica encantado com cada detalhe. Já o mais velho, não tem mais esse sentimento. Mesmo assim, como sempre demonstramos que é uma data familiar, ele celebra conosco”, conta.

As experiências, apesar da celebração em conjunto, divergem entre os irmãos, principalmente por causa da diferença de idade. “A magia do Natal, para cada um, é diferente. Mas existe e os ensinamos cada vez mais sobre o espírito da solidariedade e do amor, que é o verdadeiro significado do 25 de dezembro. Acima de tudo, a união e a proximidade da família, principalmente em momentos difíceis como os que vivemos esse ano”, observa Carolini.

O que Bernardo pediu de presente, mesmo sendo 10 anos mais velho que Nicolas, foi bem semelhante. Os dois solicitaram apetrechos tecnológicos. O caçula percebeu que gostaria de ganhar um tablet para assistir os desenhos que mais gosta de maneira simplificada. Já o mais velho explicou que estava necessitando de um mouse para jogar videogame no computador.

Pais costumam presentear o que os filhos pediram durante o ano

O pedido de Nicolas, o mais novo, foi uma surpresa para os pais. “Ele é apaixonado por dinossauros. Então, em todas as datas comemorativas, pede algo relacionado ao animal e no Natal, não é diferente. Mas esse ano aconteceu algo atípico, está pendendo para o lado da tecnologia. Sempre que possível, o presenteamos com aquilo que ele quer. O mais velho já não gosta mais de brinquedos, mas ele costuma pedir o que está precisando. Também buscamos atender o que ele pede, na medida do possível”, ressalta Zardo.

Natal é tempo de atender pedidos

Segundo o gerente da Papy Toys, Luciano Santos, o movimento para compra de presentes no Natal está razoavelmente bom. “Na verdade, não é o esperado, mas está dentro dos padrões. Ano passado com certeza foi melhor”, reconhece.

Santos explica que os presentes que as crianças mais pedem são carros elétricos e bonecas barbie. Além deles, “os que estão em ascenção agora, como Frozen 2, Nerf, e a linha de playground, como a cama elástica”, frisa. Os pais, entretanto, algumas vezes optam por dar presentes mais baratos. “Mas nem sempre é possível porque é o período em que a maioria faz o desejo das crianças. Às vezes eles esperam o ano todo e economizam para dar o que é um pouco mais caro”, opina.

A maioria dos adultos prefere comprar os presentes sozinhos, sem a presença das crianças. “Até para não quebrar a magia do Natal, aquela coisa de falar que foi o Papai Noel quem deu”, finaliza.

Volta à normalidade é melhor presente

A professora Emily Oliveira Chiavenato, da Escola de Educação Infantil Inovação Kids, afirma que essa é a data que mais encanta as pessoas no mundo inteiro, repleta de significado e também o momento em que mais se quer as coisas simples da vida. “O mesmo acontece com nossas crianças, que desejam e conseguem ver seus pedidos realizados, desde um presente até um abraço cheio de carinho”, ressalta.

Esse ano, com máscaras e distanciamento, não foi possível comemorar as festividades, conforme explica a professora. “Nossas transmissões de afeto foram por olhares. No entanto, buscamos refletir e compartilhar com as famílias o que cada um deseja realizar no próximo ano, por meio do projeto ‘o que desejamos para 2021?’, onde sentimentos eram todos de dias melhores e mais afetivos”, frisa.

No projeto, a escola pediu que as famílias escrevessem o que as crianças e os pais desejam nesse Natal. “Carinho, o combustível ideal para a felicidade. Assim como a família Giovanella Manara nos descreveu: ‘Que tenhamos muitos momentos em família, com nossos amigos, que possamos retornar a algumas reuniões, compartilhar sentimentos que muitas vezes uma chamada de vídeo não supre e acredito que nunca irá suprir: o abraço, o afeto, o carinho de estar juntos’. Fazemos desse o nosso maior impulso e inspiração, para um ano vindouro repleto de realizações e alegrias”, conclui Emily.