É claro e evidente que o sistema viário de Bento Gonçalves está, a cada dia que passa, mais crítico. Também é óbvio que soluções precisam ser projetadas antes que o estrangulamento do trânsito, de fato, aconteça. O excesso de veículos, já que segundo dados disponíveis no Denatran, a Capital do Vinho emplaca mais automotores e motocicletas do que outras cidades do Rio Grande do Sul, também provocará, em breve, problemas mais sérios.

As vias da cidade não foram projetadas e, atualmente, todo e qualquer tipo de veículo trafega pela área central do município. São, em sua maioria, vias estreitas, em péssimas condições de conservação e que vivem sobrecarregadas, seja pelo excesso de tráfego, seja pelo trânsito de veículos pesados ou, ainda, pelo pouco interesse do poder público, em diversas administrações, de fazer a manutenção correta do asfalto, relegando a segundo plano as vias da cidade. Lembrando que Bento possui um veículo para cada 1,75 habitantes, número considerado alto.

Deixando de lado os problemas estruturais, que se espera comecem a ser solucionados pela atual administração, é possível verificar que a falta de educação no trânsito destes muitos motoristas é pública e notória. Quem nunca presenciou motoristas imprudentes avançando o sinal vermelho? Motociclistas que ultrapassam, alucinados, feito enxames de abelhas, os carros por todos os lados, sem respeitar pedestres ou as leis que determinam ultrapassagens somente pela esquerda? Quem nunca parou, ou viu gente parada, em cima da faixa de pedestres? Quem nunca permaneceu na faixa da esquerda, em avenidas, após a ultrapassagem, mesmo estando em velocidade baixa? Você já converteu sem sinalizar? São condutas aparentemente pequenas que causam enormes prejuízos, pois culminam em acidentes de trânsito, muitas vezes graves, além de somarem para aumentar o congestionamento.

O trânsito é feito de pessoas. Pessoas mal educadas, na maior parte do tempo. Este, além do aumento da frota e das condições das vias, é um dos principais problemas a ser enfrentado em conjunto pela comunidade e pelas autoridades. Por mais que haja saturação, se não houver organização por parte dos motoristas, será impossível alcançar a organização almejada. Por mais que mudanças sejam feitas, que melhorias sejam implementadas, se não houver educação e respeito, nenhuma medida surtirá efeito.

Houve falta de planejamento no passado, descuido no passado próximo e problemas no presente que precisam de soluções, para que não tenhamos um futuro tão caótico quanto o que se anuncia. Entretanto, somente as melhorias físicas não serão suficientes para coibir os abusos dos motoristas e motociclistas. Nem todos os semáforos do mundo poderão parar os imprudentes. Para tanto, é preciso educar e, principalmente, cultivar o respeito ao próximo. Precisamos de melhorias sim, e muitas. Mas também de muita educação para que todos os objetivos que hoje reclamamos, sejam alcançados de forma plena e eficiente.