Até o final deste mês, o Sesc de Bento Gonçalves recebe a exposição ‘O Mundo em que Vivemos’, do artista Lori Fernando Zalapai, mais conhecido como ‘Zappa’. A exibição retrata, de uma forma crítica e ao mesmo tempo descontraída, ao modo em que a sociedade vive como um todo, o culto ao corpo, a evolução da tecnologia e o relacionamento das pessoas com ela, bem como as relações humanas.

Esta é a segunda mostra de ‘Zappa’ no local. A primeira foi “Arte pelo Fogo”, na qual ele representava episódios, retratos e artistas pela técnica de pirografia, que é a arte de decorar a madeira com marcas produzida pelo fogo.
Novamente, o artista utiliza a técnica para o desenvolvimento dos trabalhos. Entretanto, nesta nova mostra, o conteúdo abordado é diferente, trazendo detalhes do dia a dia das pessoas e o entendimento de alguns aspectos agora mais visíveis que antigamente, bem como o comportamento dos indivíduos frente à adversidades e à sociedade. “Hoje em dia o culto ao corpo virou obsessão e, muitas vezes, o olhar do outro é o que define se a minha vida tem ou não algum sentido. Vivemos querendo a opinião e aceitação dos outros para estarmos inseridos na sociedade”, explica o artista, falando sobre o que o motivou a escolher esta temática para suas obras. “Sinto saudade de quando a gente se reunia em grupos de amigos ou familiares, onde conversávamos olhando nos olhos e brincávamos com coisas que realmente faziam sentido. Hoje em dia temos que ter muito cuidado com o que falamos, postamos e até mesmo como agimos”, salienta.

Outra abordagem utilizada foi referente às mídias digitais, que, conforme a visão dele, faz tudo tornar-se obsoleto em um piscar de olhos. “Muitos casais evitam a rotina a qualquer custo, os enamorados dificilmente viajam uma segunda vez para determinado lugar e os amigos estão sempre buscando coisas novas, mas são incapazes de aprofundar aquilo que já sabem um do outro”, relata.

Apesar de tudo isso ser, de certa forma, algo negativo, segundo ‘Zappa’, é necessário à busca interior que, às vezes, é cheia de curvas e obstáculos, mas deve ser descoberta com o passar do tempo. “É uma trajetória que, muitas vezes, apesar de ser solitária, sempre faz ponte com outras vidas e outras histórias”, finaliza.