“A HISTÓRIA é intérprete do passado e testemunha dos tempos; quem não tem história não tem memória. A cultura de um povo que só se pereniza (isto é, que dura muitos anos) perpétuo, mediante resgate de estágios procedentes pelos subsequentes.”

O filo era sinônimo de encontro de pessoas, e cantar para suprir as angustias e as tristezas. As músicas eram as que falassem da travessia do mar, do país de origem, dos amores lá deixados, e que originaram o grande repertório das canções italianas hoje existentes. Conversar, jogar e beber o vinho produzido por eles mesmos ou no inverno, tomar brôdo de galinha.
Todos os imigrantes chegaram com muita fé e esperança de lutar e vencer. Eles cultivavam seu parreiral e, por isso, havia vinho à vontade e os encontros podiam se estender até a meia noite. Geralmente ficavam divididos os homens e as mulheres.

Eles na sala ou ao redor da mesa grande, conversavam, cantavam, jogavam cartas (quatrilho, escova, bisca, mora, etc). Elas, as mulheres, ficavam na cozinha, em volta do fogão e faziam trança da palha de trigo ou de milho, cestinhos, chapéus de palha, crochê, bordados e costuravam a mão. Geralmente era nestas ocasiões que se confeccionavam as peças de enxoval das filhas. Enquanto trabalhavam, conversavam, controlavam as crianças e providenciavam os comes (biscoito, grústolis, bolacha, amendoim, batata-doce, mandioca cozida, pinhão) e também as bebidas. O vinho era colocado num balde e servido em xícaras, canecas e copos.

Quando havia alguém de aniversário, faziam a festa surpresa e lá surgia os cantos. As surpresas ou festa de aniversário aconteciam, geralmente no dia do aniversário de um dos donos da casa.

Os encontros aconteciam sempre a noite a fim de não perderem tempo destinado ao trabalho. Para se deslocarem , a pé, das casas, quando não havia luar, o trajeto era longo ou por estradas íngremes, os caminhos eram clareados com lampiões a querosene, o feral com o ciareto, uma caixinha com laterais de vidro ou feixes de ripas secas ou taquaras amarradas nas quais ateavam fogo. Faziam duas: uma para ida e outra para o retorno.

A globalização destruiu quase a totalidade do ritual do filó. Ela mudou a linha do tempo e grande parte da fisionomia histórico-cultural da cultura italiana. Alterou o costume entre os italianos, especialmente o encontro das famílias.

“Parabenizo os organizadores das homenagens aos 126 anos de Emancipação Política do Munícipio de Bento Gonçalves, resgatando a História dos Filós, através do grupo NEI TEMPI DEL FILÓ dos grupos de sociedades italianas e corais do nosso Município.