A passagem da comitiva do governador do Estado, Tarso Genro, pela Serra Gaúcha esta semana trazia expectativas na mesma proporção dos membros que subiram a RS-122 em um ônibus, um micro-ônibus e, pelo menos, uma dúzia de suntuosos carros. As pessoas que se aglomeravam à entrada de uma vinícola em Tuiuty, que serviu como palanque para enfatizar anúncios vazios e sem detalhes, ansiavam por declarações concretas do líder do Executivo gaúcho. Ansiavam pelo anúncio do cumprimento de promessas de campanha, pelo início de obras, por ações de um governo que pouco disse até agora aos serranos.

Restaram frustrados: o que se viu foi um governador em pré-campanha, desafiando antecessores em comparações de cada gestão. Tarso Genro, em tom eleitoral, propôs a comparação entre feitos dos oito anos de governos do peemedebista Germano Rigotto e da tucana Yeda Crusius e o que ele já fez, em menos de três anos, pelo Rio Grande do Sul.

Entretanto, o governador incorreu no erro de não detalhar ações realizadas por estes pagos, caso, é claro, queira disputar novamente o direito de sentar na cadeira mais confortável do Piratini. A Serra ainda carece, em diversos aspectos de uma ação mais incisiva do Estado. Na infraestrutura, na saúde, na educação, no desenvolvimento. E foi essa cobrança que o prefeito Guilherme Pasin fez durante discurso no primeiro ponto de parada da caravana. O prefeito de Bento Gonçalves cobrou de maneira clara resposta às necessidades da cidade e da região, principalmente quanto a colossal melhoria nas rodovias que passam no entorno do município. Cabe a ressalva que as tão esperadas obras do Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias da Serra (Crema/Serra) começaram a tomar forma, e o governador cumpriu que só voltaria à Serra depois disso. Porém, não tão longe desta rodovia, outra estrada reclamava sua atenção: a ERS-122, que teve o pedágio encerrado após uma disputa judicial entre o Estado e a concessionária, agora é responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), o mesmo órgão que pouco fez na RSC-470. O resultado são buracos e péssima sinalização.

Durante as poucas horas que a comitiva permanceu na Serra, os únicos anúncios com destinatários definidos foram financiamentos contratados por três vinícolas. Fruto de programas governamentais. Porém, em um universo de pelo menos duas centenas de empresas, milhares de produtores e de entraves que vão desde as altas taxas tribuitárias até o êxodo rural, a ausência do Estado também é sentida.

Em Pinto Bandeira, a segunda e última cidade visitada na primeira etapa da nova interiorização, foi possível constatar as péssimas condições da VRS-855, motivo de reclamação por parte do prefeito João Pizzio. Tarso, de maneira pronta e hábil, garantiu a inclusão daquela rodovia em um próximo edital do Crema/Serra. Entretanto, a visita ao mais novo município da Serra teve um significado especial: a cortesia do governador reconhece de maneira fraterna a legitimidade do município, principalmente com a inauguração do escritório da Emater.

Porém, se Tarso busca na Serra votos em 2014, precisará subir a RS-122 de maneira incansável nos próximos meses, munido com ações concretas e de muito impacto.