Produzir registros de uma memória coletiva significa estabelecer referências que definam um grupo, uma classe, uma sociedade, uma cultura significa definir fronteiras localizadas primeiramente pela cronologia e pela importância dos fatos históricos, por meio dos quais se constituem identidades.
Embora no Rio Grande do Sul tivesse iniciado oficialmente treze anos antes da abolição da escravatura no Brasil, não houve escravos nas áreas de colonização italiana (mesmo porque uma lei imperial o proibia).
Na ausência de processos mecanizados e industriais, a princípio o conjunto dos elementos que faziam parte das construções provinha de elaboração artesanal.
Este processo essencialmente manual acarretava a demanda de imenso esforço físico. Entretanto o amor ao trabalho característico da imigração italiana, valorizava a atividade braçal, ao contrário da sociedade luso-brasileira escravagista que dele tinha aversão.
” Quando uma moça tinha as mãos bonitas, os rapazes diziam: Essa não vale pra mim, olha que mãos ela tem.”
Numa sociedade de iguais, à própria família, geralmente com a colaboração de um profissional prático, cabia ao encarregado edificar seus espaços organizados. Somente os comerciantes mais fortes tinham condições de assalariar toda a mão- de- obra para suas construções, serrarias, olarias ; as casas comerciais surgiam numa segunda etapa.
Para os grandes pensadores do mundo moderno, o regresso às fontes é o caminho em direção à sabedoria. “As fontes” podem residir tanto no passado quanto na obra dos primitivos. Os antropólogos logo que esta simplicidade ficava compensada por uma complexidade muito maior no que se refere às relações sociais, nas bases em se assentam e nas formas que se manifestam.
“Os homens levavam um tempo para chegarem ao tamanho certo de uma janela, dentro de várias tradições arquitetônicas: com o tempo os arquitetos aumentaram o tamanho da janela até tomar uma parede toda. A parede de vidro deixa 10 vezes mais a irradiação do que a parede cega”.
Julio Posenato entende a arquitetura da imigração italiana no Rio Grande do Sul como popular, não só porque erigida sem arquitetos de maneira espontânea, mas sobretudo por brotar de uma população sem elites.