O populismo pode ser entendido como ações que visam beneficiar camadas de uma população independentemente de seus efeitos nas contas públicas. É um modo de exercício do poder onde as decisões são direcionadas mais a conquistar votos do que construir um país mais concreto para o futuro. Consiste num “sistema de políticas ou métodos para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo, além da classe média urbana, como forma de angariar votos e prestígio (legitimidade para si) através da simpatia daquelas” (Wikipédia).

Em resumo, é o uso do poder com demagogias que elevam o gasto público para a concessão de benefícios sociais.
O Brasil atual vive um momento populista. Senão vejamos:

– Estamos ou não vivendo um momento de congelamento disfarçado dos preços dos combustíveis com objetivos também de conter a inflação e, com isto, não comprometer o processo eleitoral?

– Estamos ou não com o congelamento disfarçado dos preços da energia elétrica e das tarifas públicas também com o fim de conter a inflação?

– Todo político, na esfera federal, precisa, antes de mais nada, dizer que não vai mexer no Bolsa Família, Bolsa Escola, Mais médicos, etc., pois, se disser ao contrário, perde as eleições;

– Muitas ações na política econômica, como ir para a televisão para baixar por decreto a taxa de juros, mostraram-se mais propaganda política do que realidade prática ( mesmo eu concordando com a tentativa );

– A política fiscal de reduzir os impostos dos automóveis, eletrodomésticos, móveis, como já mencionei aqui inúmeras vezes, não é suficiente para o crescimento de longo prazo mas favorece o consumo que leva as pessoas a ter a sensação imediata que de as coisas estão funcionando bem, esquecendo-se mais adiante.

Existe uma preocupação somente com o curto prazo. A política, neste país, é feita para ficar 4 anos no poder e, se “conseguirmos mais 4, vamos ver o que faremos”. Não há planos estruturados para o desenvolvimento desta nação para o futuro. Vai-se tocando com a barriga. Depois “a gente vê como é que faz”.

Este “congelamento disfarçado” de preços vai estourar em algum momento. Sempre depois das eleições, é claro. Digo mais, congelar é fácil, sair do congelamento é que é difícil.

No curto prazo, o estrago é pequeno. Mas no médio e longo prazos, quem estiver no poder é que vai se deparar com o “tamanho do abacaxi”. E, normalmente, o povo é quem paga a conta.

Nós sabemos que o brasileiro mudou. Nós detestamos a inflação pois já entendemos que a inflação é muito ruim para todos. Mas tomar somente medidas que ajudem no curto prazo mas que comprometerão o futuro com base na contenção da inflação, tomando decisões sem um planejamento maior, está errado.

O atual modelo econômico não reduz o excessivo gasto público, não consegue retribuir para a sociedade com serviços de boa qualidade o enorme volume de impostos que se paga, não possui política externa, vê somente o curto prazo, atua populisticamente no represamento dos preços, pensa que os modelos da Argentina e da Venezuela são modelos a seguir quando quase todos sabem que não o são. Há coisas boas como a tentativa de melhorar a educação e na repartição da renda. Mas ainda é muito pouco para este país melhorar o bastante.

O populismo, um dia, aparecerá e todos se darão conta de seus efeitos. Tomara que, quando isto acontecer, não seja tarde demais.

Pense nisso e sucesso.