A administração pública do Brasil, em todos os seus níveis, sente os reflexos da crise econômica. Não é só o Governo Federal que tenta melhorar suas contas com o ajuste fiscal, corte no número de ministérios e outras medidas que resultem em contenção de gastos. Os governos estaduais igualmente sofrem com a queda de arrecadação. Por último, para completar o efeito dominó da retração da economia, os cortes chegaram às prefeituras.

Em Bento Gonçalves, o prefeito Guilherme Pasin resistiu o que pode para manter a situação sob controle, sem precisar “cortar na própria carne”. Mas não teve jeito. A falta de repasses de recursos federais e estaduais fez com que a máquina pública tivesse que sofrer ajustes. Os cálculos feitos pela Secretaria de Finanças mostra que cada pasta da atual administração terá que dar a sua cota de sacrifício. Seja cortando horas-extras e diárias, ou então demitindo cargos de confiança e funcionários terceirizados. O célebre ditado “fazer mais, com menos” nunca foi tão útil como agora.

Grande parte das previsões orçamentárias foram por água abaixo. O ano que vem promete também ser de vacas magras com a perda de quase R$ 10 milhões na estimativa de arrecadação do ICMS para o município. Administrar um município com abundância de recursos, como é o caso de Bento Gonçalves, por conta dos bons ventos da economia e arrecadação de impostos crescente, não é uma tarefa difícil e pode até deseducar o administrador público, que acaba assumindo compromissos e gastos que não são de sua responsabilidade direta.

Quando a arrecadação cai e as contas apertam, é hora de cortar o que é supérfluo, rever contratos, enxugar a máquina. É nessas situações que o administrador público precisa exercer sua capacidade de fazer cortes preservando os serviços essenciais. Se cortes de gastos precisam ser feitos, é necessário que ocorram com parcimônia. Diminuir despesas nas áreas de educação e saúde só se justificam quando forem eliminadas as gorduras e desperdícios de todos os outros setores administrativos. Neste ponto, a decisão do prefeito Pasin foi a mais consciente possível.