A expressão é muito usada pelos inimigos do governo federal (inimigos, sim, porque “adversários” é coisa da politica de décadas passadas, quando as eleições terminavam logo após a apuração dos votos e declaração dos eleitos) para “definir” a nomeação dos cargos de confiança. Os CCs existem desde os primórdios dos tempos pelo elementar motivo de que, na política como na guerra, a ordem é “não colocar inimigos na trincheira”. Não há, pois, segundo as “regras políticas”, como se administrar sem se valer das pessoas que são de inteira confiança dos eleitos. Isso sempre foi assim, com qualquer partido que ocupe cargos majoritários ou, mesmo, proporcionais. Quando os militares tomaram o poder cercaram-se de seus “adesistas” da Aliança Renovadora Nacional – ARENA (que se desdobrou em vários outros, como o PSDB, DEM, PPS, etc.) -, mas contavam, também, com colaboradores de primeira hora do Movimento Democrático Brasileiro – MDB (atual PMDB). Veio Sarney – que trocou da ARENA para o PDMB – e fez uma “salada de frutas” nesses cargos, já que, como um bom camaleão que assumiu o poder indevidamente, precisaria “estar de bem” com todos. Fernando Collor o substituiu e cometeu o maior erro que um mandatário pode cometer, politicamente falando: “não negociou apoios”. E “apoio”, nesses casos, é a concessão de cargos e bons empregos aos adversários, de formas a torna-los “aliados”. Collor se ferrou! Obviamente não pelas denúncias de corrupção, mas por haver negado “verbas” para a poderosa mídia e cargos a políticos influentes. Itamar assumiu e procurou agradar aqueles que o “deixaram” assumir. Conseguiu montar uma equipe de economistas que fizeram o Plano Real, do qual um sociólogo de apropriou e, com o auxílio da mídia amiga, conseguiu convencer boa parte da população que era seu. Fhc fez o que todos os demais fizeram: concedeu “favores” a vários partidos para obter maioria no Congresso Nacional. Lula sucedeu a fhc e fez o que todos, desde Thomé de Souza, quando assumiu o governo geral do Brasil, fizeram: nomeou gente aliada ou coligada. E todos, sem nenhuma exceção, “negociaram” com deputados e senadores no Congresso Nacional. A política do “é dando que se recebe” é histórica. Sartori, para assumir e governar, precisa de base sólida na Assembleia Legislativa. Para tanto, negocia, inclusive, “apoio” do PDT que é da “base de apoio do PT” de Tarso. Guilherme Pasin, do PP, conta com o “apoio” do PDT, do PR, do PMDB e do PPS. “Aparelhamento de governos”? Obviamente, não! Isso está no DNA da politica brasileira. Os que estão na oposição “não gostam” do que fazem os da situação. Quando isso se inverte, inverte-se também o “gostar ou não gostar”. Tudo é questão de “oportunidade” e de “momento de poder”. Quem não vê isso desconhece tudo de política. Ou, claro, é mal intencionado.