Por entre beijos com dancinha no Instagram, sorrisos emoldurados por filtros e declarações ao som de arrocha, parecia amor. Era leve, bonito, com dentes brancos, tanquinho e muito engajamento. Virgínia e Zé Felipe formavam aquele casal que os algoritmos amam: jovens, ricos, seguidos, seguidíssimos. Tinham tudo. Tudo… menos estrutura.

A notícia da separação caiu como um balde de água fria no feed de quem acreditava que amor de verdade vem com publi e bebê de um ano no colo. E veio com aquele comunicado pronto, frio, milimetricamente redigido, onde eles dizem que “é melhor assim, antes que vire desrespeito”. Que frase madura, não é mesmo? Só faltou assinar: “com carinho, os coaches da fuga emocional”.
Porque, veja bem, ninguém maduro abandona um casamento com três filhos pequenos sob o pretexto de evitar o sofrimento. Isso é medo. É a covardia pintada de sabedoria. É o orgulho disfarçado de maturidade. Adulto de verdade não foge — fica. Resolve. Recomeça. Dá murro em ponta de faca, chora no banheiro, reza no carro, mas escolhe crescer com o outro. Escolhe ser pai e mãe todos os dias, mesmo quando a vontade é de sumir.

Mas a geração que aprende sobre amor em tutorial de skincare se espanta com o fato de que casamento é, veja só, difícil. Sim, difícil. Árduo. Feito de renúncias e não de trends. Porque não é de pompoarismo e cortes no barbeiro que se edifica uma casa. É de entrega. De acordos refeitos. De mil vezes perdoar e outras mil se arrepender. É escolher, em cada discussão, não vencer — mas compreender. Casamento não é sobre amar sempre, mas sobre nunca desistir.

Quando dois adultos sobem ao altar e prometem se amar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, não é um texto bonito para foto no Pinterest. É voto. É pacto. É sangue nos olhos e joelho no chão. E isso, lamento dizer, não é pra qualquer um. Por isso poucos chegam lá.

Então da próxima vez que você olhar uma vida perfeita em 30 segundos de story, respire. Questione. Você quer seguir isso mesmo? Esse é o seu exemplo de família? De amor? De paternidade? Um homem que canta versos de paixão, mas terceiriza o colo quando a criança chora? Uma mulher que compartilha a maternidade como se fosse tutorial de organização de fraldas, mas não entende que amor também é escolha de permanecer?

É hora de rever seus modelos. Corpo sarado não sustenta lar. Beleza não segura promessa. Engajamento não cria filho.

Construir uma família é coisa séria. Não é palco. Não é passatempo. É para os fortes. Para os que decidem amar mesmo nos dias em que não sentem amor algum. Para os que entendem que felicidade é consequência — e não a condição.
E que não há filtro que esconda a ausência de coragem.