Espetáculo da Trupe Dosquatro busca aproximar as lembranças afetivas dos intérpretes com as do público

 

Todo mundo já ouviu a máxima de que “a vida imita arte”, mas, por vezes, o oposto também acontece. E é isso que é explorado no novo espetáculo de dança-teatro contemporânea do grupo bento-gonçalvense Trupe Dosquatro, “Bela, eu feroz – Uma metáfora de nós mesmos”, com direção de Cristian Bernich e Edson Possamai que ocorre no estacionamento do Caitá Supermercados, nos dias 12 e 13 de novembro, a partir das 19h30min.

O cotidiano como arte

De acordo Possamai, a peça parte de lembranças comuns e emotivas da vida de cada um dos oito bailarinos, buscando por meio da simplicidade e universalidade dos temas e sentimentos abordados, fazer com que o público se sinta representado, criando ora conexões objetivas, ora subjetivas. “A gente deu algumas palavras para os intérpretes e pedimos para que eles escrevessem seu significado para elas. E a partir daí, cada um escolheu duas dessas palavras para falar de histórias e lembranças de suas vidas”, explica.

A conexão com o público, segundo Bernich, passa pela identificação com os temas, afinal as histórias remetem à situações que qualquer pessoa pode ter passado. “A gente parte do sentimento dos intérpretes dentro de questões pessoais, sejam relações familiares, situações no trabalho, ou seja, são coisas da vida da gente que vão para a cena, as vezes de forma literal e outras totalmente subjetivas para que o público tenha sua leitura”, conta. “Acabamos tendo essa conexão com os espectadores. pensamos que nossas histórias são só nossas, mas muitas vezes alguém que está assistindo já viveu algo semelhante e é capaz de reconhecer o que estamos fazendo”, adiciona Possamai.
O cenário do dia a dia

Como são nos ambientes comuns onde transcorre a rotina e a maior parte da vida, não haveria melhor forma de representar o cotidiano e a poesia de sua ordinariedade, do que tirar a peça dos palcos para levá-la para lugares banais, como, por exemplo, o estacionamento de um supermercado, como bem explica Bernich. “O palco tem uma característica intimista, de separação de público e atores. A gente queria um lugar comum, onde as pessoas passam no dia a dia, quase sempre na pressa. O cenário, junto ao tema, cria um elo da arte contemporânea com o dia a dia de qualquer cidadão”, conclui.