Reajuste do quilo da uva industrial da safra 2021/2022 vai vigorar de 1º de janeiro até 31 de dezembro de 2022

Todo final de ano os agricultores ficam na expectativa sobre o reajuste do preço mínimo da uva. Se em 2020 o aumento de R$0,02 decepcionou, esse ano foi diferente e surpreendeu. Foi publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 29, que o novo valor estabelecido para o quilo da fruta industrial vai passar dos atuais R$1,10 para R$1,31, representando elevação de 19,09%.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves e presidente da Comissão Interestadual da Uva, Cedenir Postal, avalia a situação como uma vitória. “É um dos maiores aumentos da história”, afirma.

Postal destaca que esse avanço foi conquistado graças aos esforços feitos pelas entidades, que foram até Brasília reivindicar por melhorias, na última semana. “É uma conquista da Comissão, resultado de irmos lá, de conversarmos com os técnicos na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nos ministérios, expondo as dificuldades dos agricultores. Isso fez a diferença. Todo trabalho foi recompensado com essa elevação no preço da uva”, analisa.

Em Brasília, Postal e o presidente do Sindicato Rural de Garibaldi e vice-presidente da Comissão Interestadual da Uva, Luciano Rebelatto, apresentaram um levantamento feito no início de agosto e outro atual, mostrando a alta nos preços dos defensivos e fertilizantes, além dos combustíveis.

Embora feliz com o aumento do preço mínimo da fruta, Postal acrescenta que poderia ter sido um pouco melhor. “Até porque, o custo levantado pela Comissão é maior do que esse. Entendemos que o agricultor precisa ser um pouco mais remunerado”, finaliza.

Sindicato Rural da Serra Gaúcha

O presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider, afirma que o reajuste foi importante, mas que a classe merecia mais. “Para nós, como entidade, recebemos com carinho, porque é muito importante esse aumento dado e é uma conquista, porque tive várias reuniões em Brasília, contatos telefônicos e houve esse reconhecimento”, defende.

Contudo, ele destaca que a luta continua para que o preço seja ainda maior. “Muitas vezes se leva em consideração só os custos fixos da produção da viticultura, mas tem as variáveis que deveriam ser usados nesse sentido, para que a gente consiga atualizar melhor nossos preços”, afirma.

Schneider alerta que é preciso continuar trabalhando e lutando também por avanço na forma de pagamento, para que seja mais rápida aos agricultores. “Quando o produtor precisa de dinheiro, muitas vezes tem que financiar e buscar no banco um custeio agrícola e aí a empresa detém o próprio recurso. Não é um pedido de esmola, mas sim uma garantia do produtor receber os valores que merece pós safra”, aponta.

Opinião dos agricultores

O agricultor Gilliam Pertile, morador de São Valentim, trabalha com a produção de uvas há 16 anos. Para ele, o reajuste é uma grande conquista. “É um incentivo a mais para nós agricultores jovens”, afirma.

Pertile conta que a classe estava torcendo por esse aumento. “Para conseguir ter um capital de giro para o próximo ano. Agradeço as entidades presentes e que representaram nós, agricultores”, finaliza.

Ivan de Bortoli, produtor de Pinto Bandeira, salienta que o preço mínimo da uva sempre esteve defasado e acrescenta que deveria ser levado em consideração outros gastos para chegar na definição. “Hoje, para realizar o cálculo do preço mínimo do quilo, tem que se levar em conta desde o implante dos vinhedos, manutenção, depreciação das máquinas e implementos e manutenção dos mesmos, mão de obra, transporte da produção, insumos para produção, seguro da safra e outros. Custo médio de produção ficaria em torno de R$1,50”, assegura.

Ainda assim, Bortoli reconhece que houve muito emprenho do sindicato para conseguir chegar no novo valor de R$1,31.