Pouco se conhece ainda sobre a capacidade que a tecnologia pode ter de alterar as nossas funções cognitivas, em particular, a memória. O que parece, entretanto, é que, paulatinamente, esta tecnologia vem se tornando uma extensão de nossa memória.
Vivemos em uma sociedade muito dinâmica e complexa, cuja informação se transforma rapidamente. Mais do
que isto, essa “informação” parece replicar sem controle. Com os buscadores da internet, seja o Google, Yahoo,
entre outros, estamos desenvolvendo muito mais estratégias para “achar” o que procuramos do que propriamente
“lembrar” o que queremos. Assim, talvez você não se lembre, de bate pronto, da capital de um país, mas com o
acesso à internet e o Google, sabe como encontrar esta resposta facilmente.
Os neurologistas sempre dividiram a memória em memória de trabalho, memória de curta duraçãoe memória de
longa duração. O fato é que hoje temos à disposição uma memória virtual com capacidade de armazenar e resgatar
informações muito mais facilmente do que fazemos. A diferença é que essa memória está localizada “fora” do corpo humano e é coletiva, ou seja, não pertence a apenas um indivíduo.
Um dos benefícios de poder contar com um banco de dados online é deixar o cérebro livre para armazenar conteúdos
mais relevantes. Assim, na agenda de telefone, no bloco de anotações e usando o Google você procura um telefone do colega, o local exato do compromisso ou a capital de um país, respectivamente. O ruim dessa tecnologia é a dependência que se cria. Quem, afinal, nunca ficou com raiva por causa da internet que não funcionou?
A tecnologia mudou, de maneira inexorável, nossa relação com as funções cognitivas, e este processo, daqui para frente, parece-me irreversível. Cabe a nós “filtrar” o que é informação útil, porque o advento desta mesma tecnologia trouxe consigo um lixo eletrônico perturbador, que gera ansiedade e atrasa a procura por informação “de verdade”.

Fonte: minhavida.com.br