Avaliação é que os primeiros frutos que estão sendo colhidos estão com ótimas características

É nesta época do ano que a paisagem começa a mudar em Bento Gonçalves. A Capital Nacional do Vinho, assim como algumas cidades da região, ganha novas cores, sabores e perfumes. É época de vindima e de celebrar o trabalho de um ano todo dos vitivinicultores. Também é tempo de colher os frutos que dão cor e sabor aos vinhos, espumantes e sucos de uva produzidos na Serra Gaúcha e que conquistam os paladares de diversas pessoas pelo mundo. Neste ano, ao que tudo indica, a qualidade das uvas ques estão sendo colhidas está superior e pode ser comparada à da safra do ano de 2020.

De acordo com Ênio Todeschini, engenheiro agrônomo da Regional da Emater em Caxias do Sul, estes primeiros frutos, se tratando de sanidade, estão excelentes. Porém, se a chuva permanecer, isso pode mudar. “A análise inicial é de que a qualidade está muito boa, coloração, grau e, principalmente, a sanidade dos cachos, está muito boa. Isso se deve ao fato de que foi um ano que praticamente não teve doenças, fitopatias, a mufa está aparecendo agora com essas últimas semanas de umidade. De forma geral, a sanidade das plantas está sendo uma das melhores das últimas décadas e dos cachos também, de excelente qualidade”, avalia.
Segundo o profissional, a maturação dos frutos está sendo antecipada. “Estão colhendo as precoces e as superprecoces. A Bordô está sendo colhida há 10 dias, estando há 15 dias adiantada. Ela, junto com a Isabel, são as duas principais variedades e a que tem em torno de 80% da área de produção”, pondera. Ele também salienta que a maturação das outras variedades tardias está apressada. “Neste primeiro momento, analisamos que a produtividade está dentro da média, não teve supersafra e não teve quebras maiores, teve um pouco de quebras em algumas microrregiões, sim, mas mas não deve impactar em volumes grandes de diferença. Portanto, a primeira avaliação é que a safra está sendo de excelente qualidade dos frutos, ótima sanidade das plantas e colheita antecipada de 15 dias na maturação da bordô”, analisa.

Frutos excelentes

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, com abrangência em Santa Tereza, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira, Cedenir Postal, também avalia de forma positiva esta primeira leva da colheita dos frutos. “Está dando uma quantidade boa de uva. Em certos lugares, alguns produtores relatam que a colheita está até mais que a expectativa inicial e com qualidade excelente até agora. A chuva do último final de semana foi ótima e veio na medida e hora certa. Algumas localidades mais próximas ao Rio das Antas, que tem o clima mais quente, começou a colheita antes”, destaca. Ele frisa que na região do Vale Aurora, Linha Ferri, Linha Demari, colheram algumas variedades ainda no mês de novembro. “Iniciaram pela Vênus, depois veio a Niágara e agora várias variedades estão sendo colhidas, que são uvas para sucos e as principais para vinhos e espumantes, que são a Riesling e Pinot”, comenta.

Até março

A previsão é que a safra ocorra até meados de março. A colheita de algumas variedades pode se estender até abril. “Geralmente ela é finalizada no terceiro mês do ano. Pode restar alguma coisa, para o mês de abril, mas muito pouco. Tem algumas vinícolas que produzem a própria uva e acabam deixando uma maturação bem completa, para dar uma graduação mais alta, mas são volumes bem pequenos. Quem tem quantidade grande de isabel, que não consegue colher toda em um período e vai até terminar a safra. Geralmente, as variedades Isabel e Cabernet são as que finalizam a safra”, conclui.

Frutas de caroço

Além da uva, a região também é produtora de pêssego, principalmente no município de Pinto Bandeira e o distrito de São Pedro, em Bento Gonçalves. Apesar de a safra já ter sido encerrada, não há ainda um indicador sobre quanto foi colhido. “O que se sabe é que as variedades mais tardias foram de excelente qualidade. Tivemos a questão das superprecoces afetadas pela geada de agosto e setembro, e a de ciclo médio pela estiagem. As tardias, tiveram excelente produção e frutas. Foi o primeiro ano que praticamente o pêssego valeu mais que a ameixa. As precoces e superprecoces estimamos uns 50% de quebra de uma safra considerada normal”, pontua o engenheiro agrônomo Ênio Todeschini.

O presidente do Sindicato, Cedenir Postal, também confirma essa avaliação. “Apesar de o clima ter prejudicado algumas regiões, em compensação outras foram beneficiadas. O pêssego e a ameixa produzidos na região foram de excelente qualidade e também em preço. Os produtores ganharam mais em comparação com o ano anterior. Infelizmente tivemos alguns que perderam entre 70% e 90% da produção, esse o prejuízo foi grande, mas para quem não aconteceu isso, o ganho foi maior”, salienta o dirigente sindical.

Importante

O engenheiro agrônomo orienta sobre a questão do manejo pós colheita. “Este ano teve um fator que foram as frutas miúdas, no mesmo carregador e elas não caíram, maturaram e estão lá no pomar, então isso seria importantíssimo retirar estas frutas. Além disso, é necessário o manejo das plantas superprecoces, retirar galhos internos da copa e cuidar com ácaros e a ferrugem, que são questão de fitossanidade. Quanto ao solo, já em março, entrar com uma cobertura para proteger a planta das chuvas fortes, do sol e manter a umidade mais fácil”, indica Ênio Todeschini.