A natureza é sábia. Lenta e progressivamente, ela vai eliminando penduricalhos do corpo humano que não têm mais serventia. O dedinho do pé, por exemplo. Há milhões de anos, ele era maior, pois tinha função específica: primeiramente, usado como garra para subir nas árvores e, depois, como peça fundamental para o equilíbrio do “homo erectus”. À medida que foi perdendo em desempenho, foi diminuindo de tamanho, restando hoje uma batatinha carunchada, responsável pelas piores dores do pé, especialmente quando carrega um calo, de estepe. Por isso, o dedinho tem os séculos contados…

Outro penduricalho dispensável é o cóccix, que prestou serviço inestimável na época em que nossos parentes andavam de quatro. Embora o rabo tenha caído, o pequeno osso ficou aí, quem sabe para nos lembrar de nossas origens…

Quanto aos mamilos masculinos, há controvérsias: alguns dizem que são órgãos vestigiais – do tempo em que o homem era hermafrodita – e que só não foram cortados pela seleção de Darwin porque não atrapalham a evolução; já outros argumentam que são órgãos sexuais, quase tão sensíveis quanto os mamilos femininos.

Pelos, especialmente dos homens, estão na pauta do debate, por causa da dúvida: seriam os peludos mais fortes e viris, portanto capazes de sobreviverem às mudanças planetárias, ou teriam os pelados maiores chances de evoluírem pela facilidade de adaptação? A natureza investiga…

Já o apêndice é um órgão teimoso e temperamental que fincou pé no intestino grosso só pra complicar a vida do cara. A coisinha se faz de morta, mas quando resolve agitar, abre a porteira para as bactérias invadirem os estados vizinhos. Aí é confusão certa.

Quanto ao útero masculino, que se esconde dentro da próstata, é tão subdesenvolvido e insignificante que, mais dia, menos dia, vai implodir de tédio.

Mas a lista não acaba aqui. Há outra dezena de penduricalhos que o corpo humano dispensou, faltando apenas o “publique-se e cumpra-se”, assinado pelo Juiz Maior. E certamente deverá haver algum outro órgão sob vigilância, com possibilidade de confisco nos próximos milênios, por pouco uso. É só a gente bobear…