O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, (Fiergs), Heitor José Müller participou na quarta-feira, 17, da reunião-almoço, promovida pela Câmara da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves (CIC-BG). O evento, com o tema ‘O Brasil na Travessia 2017/2018’, abordou a situação atual do país e as perspectivas para o cenário político em 2018, contou com a presença do empresariado local, autoridades e imprensa na sede da entidade, no Fundaparque.

Durante a abertura, o presidente da CIC-BG, Laudir Picolli, apresentou números que mostram o crescimento da economia local, destacando o aumento na criação de empregos e afirmando que o empresário que investiu no momento de recessão será o primeiro a colher resultados positivos. “A retomada do crescimento está começando. Os bons ventos estão soprando para aqueles que se prepararam nos momentos de crise. O primeiro trimestre já apresenta avanços e saldo positivo na geração de emprego e isso deve continuar”, afirma.

Na palestra, Müller apontou desacertos na política econômica brasileira, como a antecipação de consumo por meio da famosa ‘linha branca’, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e 2016, além de afirmar que o aumento de impostos não eleva receita, que o reajuste artificial de salários gera desemprego, além de afirmar que “o aumento nominal de renda é inflacionário e que a inflação reduz o consumo, gera desemprego e fecha empresas”, salienta.

 

De olho em 2018

Além de uma análise do governo federal, Müller abordou as perspectivas para o segundo semestre, defendendo a necessidade de parcerias para o crescimento do País, além de observar o cenário eleitoral que vem sendo construído. Ele pediu cautela ao avaliar as propostas dos candidatos, para não sofrer com as possíveis escolhas a partir de 2019. “Temos que ter cuidado nessa travessia de 2017 para o ano eleitoral de 2018. É importante trilharmos na direção certa, sem acidentes políticos pelo caminho. Só assim chegaremos no próximo ano com resultados positivos nas empresas”, comenta. Para ele, o momento é delicado do ponto de vista empresarial e o próximo ano sinaliza uma oportunidade de renovação. “No Brasil não prestigiam quem gera emprego e na visão da Fiergs não é admissível permitir que nos condenem a ser uma colônia na economia. Não podemos desistir do futuro que almejamos e merecemos”, afirma.

 

Reformas beneficiam o trabalhador

Müller, que está em sua segunda gestão consecutiva à frente da Fiergs, tendo já atuado em diversas entidades no país, acredita que não há como vislumbrar uma recuperação econômica sem que os desacertos políticos, que travam a votação e decisão de medidas importantes para a produção brasileira, se encerrem. Questionado sobre a posição da Federação, em relação às reformas Previdenciária e Trabalhista, além da Lei da Terceirização, Müller foi enfático ao afirmar que as reformas não poderão retirar nenhum direito conquistado pelo trabalhador, pois há uma constituição que os ampara e criticou as centrais sindicais. “Não existe um direito a menos com as reformas. Elas irão melhorar a vida do trabalhador. O que se vê por aí, são os sindicatos fazendo um terrorismo. Com eles não existe diálogo: ou você concorda com suas posições, ou não há acordo”, afirma.

 

Crise financeira do RS

Não muito diferente do país, o líder empresarial disse que o Rio Grande do Sul enfrenta gravíssimos problemas que ultrapassam décadas e que, por incompetência de governos, levaram o Estado ao “fundo do poço”. Mas pediu que os empresários não deixem de continuar “teimosamente” insistindo e acreditando no potencial do trabalhador gaúcho.

O presidente da Fiergs encerrou sua palestra destacando que o país tem um futuro promissor. “O Brasil sempre saiu fortalecido das crises. Se analisarmos isso de uma forma bem pragmática, sem nenhum outro viés, veremos que daqui um ou dois anos o país estará novamente em uma crescente. Temos um futuro promissor e isso só depende única e exclusivamente de cada um de nós”, finaliza. 

Antes de palestrar na CIC, Müller participou da inauguração do Instituto Senai de Madeira e Mobiliário em Bento. Durante a tarde, esteve em Caxias do Sul para a entrega da unidade do Senai de Mecatrônica.