Texto de Gabriela Boesel
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Essa é uma das verdades mais verdadeiras que eu conheço. Adotei essa filosofia já faz uns anos, acho que há mais de 10, logo que ouvi a frase pela primeira vez. “Não pensa muito que dói” é uma peça de teatro de 1982, dirigida por Júlio Conte. No meu tempo de escola, quando tive o primeiro contato com teatro, encenei essa peça e nunca mais esqueci: não pensa muito que dói. Desde lá quase todas as minhas decisões são pautadas por essa filosofia, desde as complexas até as mais simples, como cortar o cabelo, por exemplo.

Quando alguma coisa começa a me perturbar por muito tempo, quando um pensamento não sai da cabeça e eu não consigo definir um caminho a seguir, logo a bendita máxima me vem à mente e pronto: decisão tomada! Parece besta deixar que uma simples frase resolva seus problemas. Algumas pessoas até podem pensar que isso não passa de besteira, ou ainda acreditar que “ah, assim é fácil”. Mas acredite, funciona. Ao menos para mim.

De que adianta ficar dias e dias com a cabeça em chamas para tentar decidir uma coisa que, muitas vezes já sabemos a resposta, mas algum porém ainda não nos deixa definir 100%? Essas indecisões só nos perturbam e tiram o sono. Eu não gosto de perder o sono. Aposto que você tampouco.

Na maioria das vezes, quando precisar resolver uma questão, estabelecer um caminho, mas está em dúvida de qual seguir, siga a intuição. E é o que acabamos fazendo, mesmo que inconscientemente. Por isso eu digo, não pensa muito que dói. A decisão já está tomada, nós é que criamos empecilhos para parecer que não é tão fácil assim. Até parece que precisamos desses momentos de dúvida para provar a nós mesmos que somos capazes de decidir os rumos da própria vida.

Mas não consigo entender por que fazemos isso. Por que temos que nos martirizar e nos afogar em questionamentos, quebrar a cabeça e tornar as coisas mais difíceis? Não é mais fácil apenas escolher um caminho e trilhá-lo? Entendo e defendo que a vida é feita de escolhas e que essas escolhas têm consequências, mas não acho que escolher um lado tenha que ser tão difícil. E se fazemos a escolha errada? Qual o problema? Não somos maduros o suficiente para admitir o erro, voltar atrás e ir para o outro lado? As coisas na vida não são definitivas. Ok, algumas são, mas nesse caso me refiro a decisões mais banais, como trocar de curso na universidade, por exemplo. Quem definiu que quando escolhemos uma faculdade temos que assumi-la para o resto da vida, mesmo que depois descubramos que não é bem o que queremos? Essas convenções sociais cansam. Quem vai impedir que você se arrependa e busque outro curso? Ninguém, a não ser você mesmo.

Na verdade, me sinto um pouco hipócrita ao escrever essas linhas, porque muitas vezes tomo decisões que, para mim, são tidas como definitivas. Depois paro para refletir e me dou conta de que nada é para sempre. Se eu quiser, mudo. Encaro as consequências da mudança, claro, mas mudo. Essa também é uma escolha. Mas é só não pensar muito…