Dados do IBGE consideram total de placas cadastradas nos órgãos de trânsito e média de quatro pessoas por família. Município fechou o ano passado com 93.337 placas cadastradas

Bento Gonçalves fechou o ano passado com uma média de 3,03 veículos para cada uma das famílias residentes no município. Os dados – referentes aos automotores em geral – são do Censo realizado em 2022 e divulgados agora pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a Capital Nacional do Vinho possui 123.151 moradores, de ambos os sexos e de todas as faixas etárias. Os veículos – de todas as categorias, leves e pesados – cadastrados junto ao órgão de trânsito do Estado somam 93.337, segundo, também, o IBGE.

Considerando apenas os automóveis de passeio, que totalizam 54.850, cada família bento-gonçalvense possui, na garagem, quase dois carros. É que a divisão da soma dos carros pelo número de famílias, sem levar em conta os menores de idade e que, portanto, não dirigem, chega a 1,78 automóvel em cada moradia. Já as motocicletas ocupam o segundo posto no ranking dos registros, com 10.449 veículos. No Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves ocupa a 14ª posição em um ranking ponteado por Porto Alegre (900.168 veículos no total). No Brasil, o município ficou com o 192º posto, em que a liderança ficou com São Paulo, capital, com um total de 9.150.267 veículos registrados.

O secretário municipal de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Henrique Núncio, entende que a grande quantidade de veículos “é um problema enfrentado em todas as grandes cidades, especialmente nos horários de pico”. Núncio não chega a admitir que equacionar os gargalos no trânsito de Bento é uma dificuldade, mas afirma que “é um desafio que temos, como poder público, para resolver. Por isso estamos sempre avaliando e procurando buscar vias alternativas com a finalidade de fazer o trânsito fluir utilizando as vias dos bairros”.

Fala motorista

Ildoino Pauletto, 75 anos – Empresário

Bento Gonçalves tem muitos carros?
“Vivemos em uma comunidade que tem um poder aquisitivo bom, sem dúvida que existem muitos carros, por isso. Todo mundo quer se locomover através de um. Então evidentemente que isso se dá pelo poder aquisitivo da população”

Qual sua avaliação para o trânsito, da forma em que está?
“Funciona dentro do sistema viário que temos, e não podemos mudar muito. Tivemos alterações que melhoraram um pouco, mas ainda temos vias difíceis. A cidade foi programada há muito tempo e não houve grandes alterações nos últimos anos. Tanto nas saídas quanto nas entradas de Bento temos complicação”.

O que poderia ser feito para melhorar a situação?
“Mudanças estruturais muito grandes que precisam ser bastante estudadas. Temos bairros com muitas indústrias, o que exige um cuidado muito maior, por conta dos caminhões que entram e saem. Acredito que deveria ter uma saída pelo Barracão, e que a prefeitura se preocupasse em expandir o núcleo urbano no sentido norte, em direção a São Valentim e Faria Lemos”.

Eduarda Salvador, 24 anos – Analista de negócios

Bento é uma cidade que tem muitos carros?
“De onde venho tem mais, que é Curitiba. A diferença é que lá é organizado, e apesar da quantidade, flui muito melhor”.

O que tu achas do trânsito de Bento Gonçalves?
“Acho que ainda está tranquilo. No centro é mais complicado porque as ruas são pequenas e não existem vias rápidas, ou que cortam a cidade toda, e isso faz com o que o trânsito não flua como deveria”.

O que deve ser feito para melhorar?
“Seria necessário contar com empresas que trabalham com estratégias de trânsito, e aumentar as ruas. Claro que as calçadas são importantes, mas se eles querem que o trânsito flua talvez seja necessário diminuir os estacionamentos, para que os carros tenham mais espaço”.

Fotos: Renata Carvalho