Os defensores da causa animal sofrem com falta de alternativas em Bento Gonçalves. Pelo menos essa é a afirmação de Elenir de Souza, que cuida de 29 cachorros no pátio de sua casa, no bairro Vila Nova. Ao mesmo tempo em que não há um local para destinar os animais que estariam abandonados, a cuidadora tem sofrido com denúncias dos vizinhos à Prefeitura, devido ao barulho causado pelos latidos dos mascotes, bem como pelo fato de os cachorros fugirem e circularem pela rua. Ela corre o risco de ser penalizada com multas pela Vigilância Ambiental.

Segundo Elenir, o principal problema tem sido a atuação do órgão de fiscalização, uma vez que não são propostas soluções, exceto a aplicação de penalizações. “Eles que levem os cachorros ou cerquem meu terreno”, reclama. A cuidadora relata que perdeu a conta de quantas vezes a Vigilância Ambiental esteve em sua casa.

Na opinião de Elenir, se a Prefeitura não tem para onde destinar os animais, deve deixá-la, no mínimo, fazer seu trabalho. “Chegou ao extremo”, desabafa. Ela afirma que o problema já persiste há dois anos e que o custo mensal com ração é de aproximadamente R$ 1,2 mil, além de outros gastos envolvendo veterniário, que já somam R$ 9 mil. “Tenho notas provando tudo e pretendo ir no Ministério Público para ser ressarcida”, aponta.

Para o secretário de Saúde, Diogo Siqueira, que responde pela Vigilância Ambiental, o órgão apenas está fazendo seu trabalho. “Se a gente recebe uma denúncia, nós temos que acompanhar e ver o que está acontecendo. A pior situação é fechar os olhos”, comenta.

Em contrapartida, o secretário considera que é necessário valorizar as pessoas que militam pela causa animal e vê a conscientização da população como o caminho para solucionar o problema em longo prazo. “Obviamente em alguns casos acaba afetando a tranquilidade de vizinhos”, avalia. De acordo com Daiane Mattos, da ONG Todos por um Focinho, o Poder Público poderia contribuir para a adoção de forma efetiva, com transporte para os animais e campanhas de incentivo, mas que a construção de um canil municipal não resolveria o problema. “O canil viraria um depósito de cachorro”, argumenta. Além disso, Daiane também considera que a solução é a conscientização para não ocorrer casos de abandono.