2010 – tem coisas na vida que nunca vou fazer…

Apenas duas coisas na vida – até onde sei – não podem ser desfeitas: ser pai/mãe e a morte. Ter um filho altera para sempre sua vida, não existe ex-mãe ou ex-pai. E a morte, até onde sei, é por vezes incontrolável, irreversível e necessária.
Enquanto não podemos lidar com o imutável, temos uma gama quase infinita de outras possibilidades. É até cômico falar sobre isso, logo eu, praticamente enraizada em minhas ideias, uma aficionada pelo próprio lar e uma chata que dificilmente dorme em outra cama.
Apesar de me considerar bastante conservadora para a época, não sou a mesma do ano passado, nem a mesma de ontem. Mudei muito de opinião e fiz coisas que disse que nunca faria. A boca fala e…
Mesmo sentindo que traio meus próprios pensamentos, tenho certeza de que não há mal nenhum nisso, muito pelo contrário. Claro que, vez ou outra, preciso de certa aprovação para seguir, afinal, estou fazendo o certo? Típico de librianas, mas a verdade é que não há certo ou errado, determinamos o que é bom para nós. As escolhas que fazemos nos refletem, nosso comportamento nos define. É um emaranhado personalizado, único de conhecimento, experiências, alegrias, traumas, saudades.
Mudar de opinião é saudável e digo mais, super recomendado. Não me transforma em alguém volúvel, apenas diz que sou receptiva a estímulos novos e que ainda sou capaz de aprender. Quem muda de opinião sobre alguém ou alguma coisa passou por um intenso exercício de autorreflexão. Permitiu-se usar as heurísticas afetivas para lembrar onde estão suas essências, a voz de seu instinto, assim como suas necessidades emocionais.
Não julgue quem fez uma mudança e não mude sem motivo. Você não sabe quantos cálculos a pessoa fez, quantas noites em claro ela ficou, quais obstáculos superou.

“Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.”
-Aleksei Tolstoi-

“Me diga com quem tu andas que eu te digo quem tu és”.
Uma frase clássica, que as pessoas usam para afastar outras de quem é considerado má influência. Alguns dizem que é bíblica, outros que é só um ditado popular. Tenho grande mágoa com ela, por sempre lembrar que, há muito tempo atrás, tive a infelicidade de ser influenciada a acreditar que, minha melhor amiga na época, não era boa o suficiente para mim. Em tempo, a situação foi revertida e apaziguada, mas nunca esqueci a dor de quase ter perdido alguém que eu amava, por achar que outra pessoa sabia o que era melhor para mim, quando na verdade, só estava pensando nela mesma.
Somos donos do nosso destino. Qual é o teu sonho? Não são necessariamente bens materiais, status ou relacionamento. Sonho é o que você não deixa de pensar um só dia, é o que te move, é o motivo do seu riso despretensioso. O único sonho que você precisa concordar é o seu, o dos outros, é possível só respeitar.

2020 – …já fiz quase todas elas.