Comunidade afirma que o bairro possui uma diversidade de lojas, mercados e outros estabelecimentos para atender às necessidades do público. No entanto, o espaço disponível já está totalmente ocupado, e certas regras têm impedido o crescimento do local

De rua em rua, é inevitável que pelo menos em um local tenha um estabelecimento. Mercados e lojas são os mais presentes, mas ainda existem outros tipos como academias, pousadas turísticas, restaurantes, entre tantos outros. Residentes e comerciantes relatam sobre as facilidades em morar em um local completo, sem precisar se deslocar a outros bairros para realizar tarefas do dia a dia. Além disso, exaltam a segurança presente no bairro. Porém, após duas décadas de expansão, sentem que o Santa Helena estagnou em seu desenvolvimento, principalmente por questões geográficas.

Viviane Secco, de 42 anos, é lojista há oito e iniciou sua carreira vendendo roupas para suas vizinhas do bairro. “Nada foi premeditado, tudo foi acontecendo com o tempo. Iniciei como confecção, buscando roupas em Santa Catarina e vendendo. Vi que as pessoas estavam gostando e abri minha loja no bairro, já que morava há nove anos no Santa Helena”, relembra.

Por fazer menos de uma década, os aspectos do bairro já pareciam com os atuais, principalmente em relação aos estabelecimentos. “Na época, o comércio já havia se desenvolvido, já existiam os mercados e as lojas. Acredito que o Santa Helena é um pouco retraído, mas tenho clientes muito fiéis. Além disso, hoje tenho captado clientes de diversos locais da cidade através das redes sociais. Muitos pedem até tele entrega, porque atualmente, trabalho de forma online também”, declara.

Viviane reflete e relata que para ela, 2024 tem sido bem interessante em relação às vendas. “O ano passado foi um pouco mais fraco, mas esse ano, nos meses como janeiro e fevereiro, onde não esperamos muito, já foram bons. Todo o ano procuramos ter as melhores expectativas, atender melhor, atingir mais pessoas e acredito que com o tempo, as pessoas vão tendo confiança, sabendo que os produtos são de qualidade e têm um preço justo”, explica.

Já Délcio Maldotti é um dos empreendedores mais antigos, tendo seu local há 26 anos. Na época, ele fez uma pesquisa de mercado e notou que no bairro faltavam mercados, e assim decidiu abrir um. “Atualmente, é tudo disputado, mas temos que trabalhar e inovar. Nossa clientela é fiel devido ao nosso atendimento ao cliente, mas tudo é lutar para se tornar cada vez melhor, porque a concorrência é grande”, realça. “Existe a vantagem em ser um mercado já consolidado, as pessoas que vêm já o conhecem, então é bem familiar, mercado de bairro é assim”, constata.

Durante todo o período em que ele está presente no local, é possível notar as melhorias que ocorreram nas últimas quase três décadas. “O bairro se desenvolveu muito ao longo dos anos. Tem praticamente tudo que os moradores precisam e não necessitam se deslocar para outros lugares. Esse desenvolvimento surgiu desde que cheguei, gradativamente, dependendo da época, mas sempre melhorando”, ressalta.
O que Maldotti nota em relação às vendas deste ano é que, apesar de não baixarem, muitas vezes as pessoas buscam por produtos de marcas mais em conta. “Este ano está sendo bem positivo, porque inovamos, investimos bastante em redes sociais e para nós o saldo é favorável. Claro que as pessoas às vezes trocam as marcas, mudam o produto, mas segue se mantendo”, conclui.

Assim como Maldotti, a empreendedora Angélica Brino foi uma das primeiras a abrir seu negócio no bairro e também relembra como foi o início dessa trajetória. “Iniciei com uma criança em um braço e uma sacola de roupas no outro. Fui vendo que as pessoas gostavam, visitava os vizinhos com mercadorias novas, e a partir disso as pessoas foram acreditando em mim e são minhas clientes até hoje. Me sinto vitoriosa, para quem começou lá embaixo, e hoje tenho minha própria loja”, conta.

Para Angélica, o local passa por um período onde, após tanta evolução e desenvolvimento, há uma pausa significativa. “O comércio está estacionado. Até porque existem estabelecimentos maiores vindo. E o bairro depende dos moradores, poucos clientes são de fora, logo acredito que seja por isso. Mas os que existem fazem o Santa Helena ser completo, tudo o que os moradores precisam tem”, salienta
Ela entende que as vendas não são mais como já foram um dia, inclusive a forma de comércio. “Estou sentindo cada ano mais fraco para as vendas, para quem começou lá atrás e comparar com os dias atuais, tem muita diferença. Mas dá para sobreviver. Depois da pandemia, senti que decaíram muito as vendas presenciais. O online vende mais. Acabei migrando para as redes sociais também, pois precisamos acompanhar as tendências e assim atingimos mais pessoas”, finaliza

“Ficou tudo muito limitado”

Jussara Dalagnon tem 52 anos, é proprietária junto de seu marido há 21 anos de um mercado no Santa Helena. Além disso, mora há muitos anos no local, portanto, viu seu desenvolvimento, mas segundo ela, também o viu estacionar. “Como somos um bairro que tem uma nascente que corre próximo, somos muito limitados no quesito construção. Não temos posto de gasolina e não podemos colocar um, não podemos ter prédios acima de dois andares, então ficou tudo muito estagnado. Sentimos que por conta disso, não evolui tanto. Em termos de comércios temos muito, mas não vemos uma evolução, meio que estacionou, sinto que estamos engessados. É um bairro bom, com uma boa comunidade, mas no aspecto crescimento isso tudo prejudica”, aponta.
Além dessa dificuldade, Jussara encontra outros aspectos que atrapalham para se ter um comércio. “Outro aspecto é que com o passar dos anos, vieram muitos mercados grandes e atacados, e isso nos prejudicou bastante pois os preços deles são mais agressivos”, ressalta.

Presidência do bairro

Leucir Dalagnol e Inoar Brino são, respectivamente, o presidente e o vice-presidente da Associação de Moradores do Santa Helena. Ambos estão bastante preocupados com o local e estão sempre em busca de novas melhorias. “Nossa luta no bairro é constante. Estamos trabalhando muito na melhoria da praça, conseguimos também uma verba da prefeitura para fazermos reparações da associação, lixamos o assoalho todo, fizemos pinturas. São evoluções contínuas que precisam ser feitas”, explica Dalagnol.
Brino completa quais as outras necessidades realizadas. “Reformamos a cancha e colocamos painéis solares. O ginásio nos proporciona diversos eventos, muitos deles nos ajudam a arrecadar valores para as entidades e todas as noites é utilizado para jogos de futsal. Nossa associação é muito procurada, pois temos uma infraestrutura ótima para eventos”, relata.

Presidente da Associação de Moradores do Bairro Leucir Dalagnol (e) e o vice-presidente Inoar Brino

O próximo passo que irão dar é a reforma na praça, principalmente na caixa de areia onde jogos são realizados. “Já existiam projetos para esta praça há anos. Foi feita uma reunião, nos mostraram como ficaria, e aí estava tudo certo, mas acabou não indo para frente. Agora que chegamos a um denominador comum, vão iniciar a reforma pelas telas que estão debilitadas, trocar as vigas, e segundo o vice-prefeito já foram para a licitação todas as máquinas da academia. Vai ficar bem completa”, conta o presidente.

Moradores relembram o início do bairro

Muitos dos residentes do Santa Helena chegaram há algumas décadas, em um momento em que o bairro ainda carecia de muita estrutura. Mas, com o passar dos anos, o desenvolvimento ocorreu, tornando-se o local dos sonhos para quem havia chegado primeiro. Gema Fachin é um desses casos. A aposentada revela que não gostou muito do lugar quando chegou, há 32 anos, mas, atualmente, é encantada por lá. “Pagávamos aluguel e conseguimos comprar um terreno no bairro. No começo, não gostei muito, não tinha ninguém ainda morando, mas depois foi aumentando e agora está bom demais”, conta.

Além do local crescer, muitos estabelecimentos adotaram o local para si, mantendo-se assim até hoje. “O Santa Helena é completo, tem lojas, farmácias, academias, para mim está ótimo. Quando precisa tem mercados, tem posto de saúde, igreja. Não sinto falta de absolutamente nada, tudo o que precisamos temos a poucos metros de distância”, revela.

Assim também pensa Maria Isabel Bastos, que já completou três décadas no local. “Era bem vazio antigamente, vi o lugar crescer, e mesmo assim ele seguiu tranquilo. Além disso, tem comércio próximo, dá para fazer tudo a pé e sempre que falta algo é rápido para comprar”, conclui.

Maria Isabel Bastos mora no local há três décadas e pode ver todo o crescimento do local

Antônia Felicio é auxiliar de padaria, mora há nove anos no bairro, se mudou, pois ouviu diversas coisas boas em relação ao lugar. “O Santa Helena é tranquilo, conhecia já a fama do bairro e por isso vim. Sem falar que é muito desenvolvido em estrutura, o posto de saúde tem um serviço excelente, além disso o que precisar se tem, pois aqui é completo”, declara.

Para Antônia, poucas são as melhorias necessárias para o lugar, mas ainda assim, elas existem. “Há algumas ruas que precisam de mais iluminação pois estão escuras e o asfalto no trajeto do ônibus também seria bem interessante. Como é necessário mexer no calçamento para arrumar os canos, as pedras ficam todas soltas e o calçamento acaba por ficar desnivelado”, explica.

Outro fator que a incomoda é o transporte público, que após a Covid-19 teve diversas alterações, e prejudicou alguns horários. “Depois da pandemia os horários de ônibus diminuíram, principalmente nos finais de semana. Utilizo dele para trabalhar todos os dias, mas aos sábados e domingos podia melhorar, pois passa apenas um por hora. Porém, o real problema é que além do horário, o ônibus passa por três bairros até chegar no Centro”, cobra.