Desde o dia 7 de janeiro de 1989 que Joarez Batisti, 60 anos, mora no Santa Marta. Ele orgulha-se de contar que durante esses quase 32 anos, muitas realizações do local tornaram-se possíveis com a ajuda dele. “Me considero uma liderança do bairro porque sempre gostei e lutei por ele”, garante.

Com o empenho de Batisti e dos demais moradores que se engajaram na causa de melhorar a qualidade do bairro, ele ressalta que entre passado e presente muitas melhorias foram ganhas. “Conquistamos uma praça. Depois, lutamos para ter o posto de saúde, que foi uma conquista nossa. Temos uma escola melhor e uma creche muito boa aqui”, destaca.

Batisti atuou diversos anos como Presidente da Associação dos Moradores. Atualmente, exerce pelo terceiro ano o trabalho de Coordenador da Comunidade. “A gente sempre buscou melhorias. Os presidentes anteriores, que lidaram com problemas maiores, lutaram também, por isso que o bairro melhorou”, assegura.

Asfaltamento é a maior reivindicação

Batisti acredita que alguns avanços na parte estrutural se fazem necessários, como o asfaltamento de mais ruas, por exemplo. Entretanto, a reivindicação é muito antiga e ainda não foi atendida. “A maioria dos bairros da cidade já são asfaltados, enquanto as nossas duas ruas principais, que atravessam o bairro, ainda não”, constata.

Joarez Batisti questiona por que o bairro ainda não foi contemplado com asfaltamento

Batisti aponta que pelo menos o trajeto por onde o ônibus urbano circula deveria ganhar asfalto. “Acho que eles deveriam avaliar melhor quais ruas vão ganhar, quando vão fazer um asfalto. Por que o Santa Marta nunca foi contemplado? Estamos preocupados com isso”, expõe.

Falando também em nome dos demais moradores, Batisti afirma que o bairro precisa de um olhar mais atento por parte do poder público municipal. “São anos que estamos sendo castigados. Não sei porque o Santa Marta é um pouco esquecido. O serviço básico é feito, mas nós queremos mais”, alega.

Quem tem a mesma opinião é o aposentado Agenor Gabrielli, 53 anos, que junto da família, mora no bairro há 38 anos. “Por ser um bairro antigo, ao menos o corredor do ônibus já deveria ter asfalto, mas não tem”, afirma.

De acordo com Gabrielli, quando a rede de tratamento de esgoto estava sendo implantada no bairro, muitas ruas foram danificas. “Tem muitos buracos e por esse motivo, seria importante ter o asfalto. Não sei o que a administração pública está aguardando”, enfatiza.

Douglas Lucietto, 30 anos, proprietário de um petshop no bairro, diz que locais mais novos da cidade já receberam asfalto, enquanto o Santa Marta, ainda não. “A ligação do bairro Municipal foi toda asfaltada, mérito deles que foram atrás, mas conseguiram. Quando o Fátima começou a surgir eu já era jovem e já tem asfaltamento antes do Santa Marta. Essa é uma questão que a gente sente muito”, afirma.

Área de lazer também é um pedido

O bairro Santa Marta não tem um local grande para que os moradores possam usufruir dos finais de semana ao ar livre. Perto da escola, eles contam com um pequeno espaço, com alguns aparelhos próprios para atividades físicas e alguns brinquedos para as crianças brincarem. Contudo, quem mora lá, sente falta de um local maior. “Temos uma pequena academia ao ar livre, usada como pracinha e só. Para nós, não tem quase nada”, diz Batisti.

Moradores reclamam de pouco espaço para aproveitar momentos de lazer ao ar livre

Quem tem a mesma opinião é Gabrielli. Ele e a família sentem falta de um espaço melhor para lazer. “Teríamos que ter uma praça como a do bairro Fátima, por exemplo, que é muito bonita e limpa. A gente carece disso, não temos praça, temos uma academia ao ar livre e só”, afirma.

Capela mortuária

O aposentado Volmar Carlet reside no Santa Marta desde dezembro de 1980, portanto, há 40 anos. Também atuante no bairro, já foi festeiro, tesoureiro e, por quatro vezes, Presidente da Associação dos Moradores. “Agora, ‘no anonimato’, sempre contribuo com as necessidades mais carentes”, afirma.

Por considerar o Santa Marta um dos melhores bairros da cidade, Carlet diz que é difícil apontar quais são as dificuldades do bairro. Porém, menciona que uma reivindicação dos moradores é pela construção de uma capela mortuária. “Até hoje não saiu do papel”, lamenta.

Posto de saúde é considerado conquista dos moradores

Muito elogiado, o posto de saúde do bairro é considerado uma conquista dos moradores. Inaugurado em agosto de 2011, a Estratégia Saúde da Família (ESF) atende aproximadamente duas mil pessoas por mês.

São 14 profissionais da área da saúde, que realizam cerca de 4.500 procedimentos mensais. Entre os principais serviços, está a consulta médica, de enfermagem e odontologia, testes rápidos e procedimentos de enfermagem, como curativo e aferição de pressão arterial.

Posto de saúde do bairro foi inaugurado em 2011

Lucietto, embora tenha plano de saúde, já precisou dos atendimentos do posto e diz ter sido muito bom. “As pessoas que trabalham lá são nota mil. Fui muito bem atendido quando precisei”, elogia.

Demanda para mais uma creche

A Escola Municipal Infantil Pinguinho de Gente atende crianças de zero a quatro anos. A maioria dos alunos são moradores do Santa Marta, mas também abrange moradores dos bairros Fátima, Zanetti, Botafogo e Santa Helena.

De acordo com a vice-diretora, Neli Marlei Antunes, a creche conta com aproximadamente 40 funcionários, um dos motivos pelo qual ela define a estrutura escolar como maravilhosa. “Temos uma equipe pedagógica excelente. Os alunos estão muito bem assistidos, todas as áreas são muito bem trabalhadas com as crianças”, destaca.

A escola tem capacidade para atender até 93 crianças e no momento todas as vagas estão preenchidas. Ainda assim, de acordo com Neli, há muita procura por vagas, inclusive, gerando fila de espera. “Tem muitas pessoas que ficam no aguardo. Não sei quantas famílias exatamente, mas sempre teve. No momento em que surge uma vaga, colocamos outra criança”, explica.

Vice-diretora da creche, Neli Marlei Antunes relata que tem muitas famílias aguardando por vaga

Questionada se o bairro tem demanda para outra creche, Neli responde que sim. “Com certeza. Tem muitas crianças no bairro e envolve também os da redondeza. A procura é muito grande”, afirma.

Escola tem parceria da família

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Noely Clemente de Rossi, foi fundada há 32 anos. Ao todo, cerca e 440 alunos são atendidos entre jardim e nono ano. Depois, para concluir o Ensino Médio, maioria dos alunos migra para o Colégio Estadual Visconde de Bom Retiro, localizado no bairro Santa Rita.

A diretora, Rosângela Detoni atua na escola há 26 anos. O longo tempo de trabalho permitiu que ela conheça bem a grande maioria das famílias do bairro, que ela define como maravilhosas. “A maioria dos nossos alunos de hoje, são filhos de ex alunos, então a gente se conhece muito bem. Temos um vínculo. Construímos a escola juntos”, destaca.

Outro ponto positivo que a diretora ressalta é a participação dos pais. Ela conta, que no início do ano, antes da pandemia do coronavírus, a direção fez uma reunião com os pais e o resultado foi surpreendente. “O nosso salão não comportava todos os pais”, orgulha-se.

Diretora da Escola Noely Clemente, Rosângela Detoni, aponta que desafio dos educadores é fazer alunos enxergarem sentido no que estão aprendendo

A parceria entre pais e escola é vista como fundamental por Maristela, que enfatiza essa importância. “Se temos esses três pilares: alunos, professores e famílias, estamos muito bem, porque só tende a evoluir, pois vamos sempre falar a mesma linguagem”, diz.

Questionada sobre os principais desafios enfrentados pelos profissionais que atuam na área da educação, Rosangela afirma que é fazer com que os alunos enxerguem sentido no que está sendo ensinado. “Uma das dificuldades do professor é fazer com que os estudantes sintam que aquele conteúdo vai ser importante para eles”, afirma.

Rosangela acrescenta que é importante motivar os estudantes a quererem aprender, o que também, na opinião dela, torna-se uma dificuldade. “É o maior desafio da educação, porque o conhecimento do conteúdo nós temos, ferramentas também, mas fazer com que o outro queira aprender é o desafio”, finaliza.

Bairro com muitos pets

Há quatro anos, Douglas Lucietto, 30 anos, decidiu abrir um petshop no bairro. A ideia surgiu porque ele tinha um cão, da raça Lulu da Pomerânia, chamado Bino, que se tornou, inclusive, mascote da loja. “Por adorar animais, comecei a buscar algo nesse ramo e vi relação também com a lucratividade, já que era um negócio em expansão naquele momento”, conta.

Seis meses depois de ter aberto a loja, a demanda por banho e tosa, vinda dos moradores do bairro, tornou-se tão grande, que Lucietto teve que antecipar o que já estava nos planos dele. “Senti necessidade pela demanda do público do bairro que pedia por isso. Já tinha a ideia de ter o serviço de banho e tosa, então fui atrás de cursos, mas tive que buscar o valor para comprar os equipamentos antes do que eu previa, porque a demanda realmente foi grande, me surpreendi”, relata.

Douglas Lucietto abriu um petshop no bairro e a demanda foi tão grande que precisou expandir a oferta de serviços

Lucietto acredita que a loja supre uma necessidade que o bairro tinha. “Tendo em vista o meu crescimento, acredito que sim. A solicitação que tive desde o começo e que tenho até hoje, principalmente final de ano, é loucura. Na semana do Natal já estou com a agenda cheia. No ano novo não vou trabalhar, senão agenda já estaria cheia também”, conta.

Geração de empregos

Maristela Nichetti e o marido, Gilberto Nichetti, vieram de Pinto Bandeira. Escolheram o Santa Marta não apenas para morar, mas também para empreender. O casal abriu um mercado. Já são 23 anos de história. “Viemos do interior, sem estudo, sem experiência em nada, então começamos com isso”, conta Maristela.

Hoje, o mercado é responsável por gerar emprego para cerca de 13 pessoas. “A gente sempre começa com a intenção de querer crescer, mas tivemos fases muito melhores do que essa que estamos passando esse ano. De uns quatro anos para cá ficou mais difícil, a porcentagem é menor, os impostos são altos, então estamos sobrevivendo”, aponta.

Maristela Nichetti é proprietária de um mercado do bairro que emprega 13 pessoas

Sobre o bairro, Maristela diz que é bom de morar e que a relação com os demais moradores é tranquila. “Todo pessoal é tranquilo, são simples, muitos vieram da colônia”. Entretanto, ela aponta quais melhorias acha necessárias. “O que precisaria também é uma quadra de esportes maior, um salão coberto para futsal”, diz.

Um bairro de valores baseados na fé

Responsável pela Igreja Capela Santa Marta, o Padre Gilmar Paulo Marchesini, afirma que de maneira geral, o bairro Santa Marta é um acumulado de valores de diferentes lugares que contribuíram para criar uma riqueza em comum dentro da comunidade. “E que fazem do local um bairro espetacular, com ótimas lideranças e uma bela história de união e compromisso em torno da igreja, da comunidade e da sociedade”, define.

O padre Gilmar também conta que no salão da Igreja funciona a associação do bairro. “Por isso é muito importante essa questão da fé da comunidade, que se preocupa com a vida do bairro como um todo”, elogia.

Padre Gilmar Paulo Marchesini afirma que Igreja é equilibrada nos símbolos religiosos e que tem beleza única

Outro destaque do Padre é que no local há um grupo de assistência social que desenvolve um trabalho para pessoas mais carente. “Funciona para ajudar os pobres através da coleta de roupas, de outros mantimentos e de comida”, conta.