Bairro dispõe de comércio diversificado, mas problemas com a segurança e a qualidade da água preocupam residentes e comerciantes locais
O bairro Cidade Alta, em Bento Gonçalves, destaca-se como um local que combina praticidade, história e qualidade de vida, mas também enfrenta desafios típicos de áreas urbanas em crescimento. Moradores, comerciantes e profissionais de saúde ressaltam as características que fazem da Cidade Alta um dos bairros mais procurados em Bento Gonçalves.
A origem do bairro remonta aos primórdios do século XX, quando Bento Gonçalves começou a se expandir como centro urbano na Serra Gaúcha. A localização elevada do bairro conferia-lhe o nome e atraía as primeiras famílias de imigrantes, principalmente italianos, que procuravam locais de fácil acesso e vistas privilegiadas. Com o tempo, o bairro se consolidou como um espaço residencial e de comércio.
Comunidade unida
Maria Miotto Sandrin, que mora na Cidade Alta há 46 anos, enfatiza a tranquilidade e o espírito comunitário. “É um bairro calmo, muito bom de morar. Desde que eu casei e vim para cá, não me vejo em outro lugar”, destaca. Maria também atua como liderança na Paróquia Cristo Rei há mais de duas décadas, reforçando o papel da igreja como centro social e espiritual. Apesar de destacar melhorias constantes, ela aponta problemas recentes com o abastecimento de água e a qualidade do serviço. “Ficamos sem água frequentemente, e quando volta, é escura e com cheiro. Isso tem afetado muito os moradores”, salienta.
Ela frisa que antes o bairro tinha problemas com barulho. “O pessoal da noite não respeitava, mas foi melhorando aos poucos. Hoje é bem mais tranquilo”, pondera.
Infraestrutura
O casal Ivana Hilgert e Carlos Merck apreciam a proximidade de comércios, restaurantes e serviços essenciais, mas destacam questões a serem melhoradas. “Falta uma coleta especial de lixo para restaurantes, e as ruas precisam de melhor conservação, como calçadas e canteiros”, revelam. Eles também sugerem maior urbanização na área dos trilhos, que, embora arborizada, carece de iluminação e estrutura para lazer.
Para Fabiane Giacomello, enfermeira e moradora há 50 anos, o Cidade Alta é quase autossuficiente. “Aqui temos tudo: supermercados, farmácias, padaria, petshop, tem um shopping próximo e até a Vinícola Aurora, que atrai turistas. O bairro é muito prático e eu dificilmente saio dele para fazer minhas coisas”, evidencia. Fabiane também vê a segurança de forma positiva, apesar de observar eventuais problemas. “A água não está muito boa, está vindo bem escura”, observa.
Comércio e segurança
O comércio é um dos pilares do bairro, descrito pelos moradores como muito diversificado e completo.
Para Tereza Almeida, funcionária de uma farmácia local, a arborização e a limpeza são aspectos positivos, embora o aumento de furtos no comércio preocupe. “Precisamos de mais policiamento. Os assaltos são frequentes, o que traz insegurança para quem trabalha e vive aqui. Eles entram, como se fosse um cliente normal, e quando vemos já levam muitos produtos”, ressalta.
O bairro oferece áreas para atividades ao ar livre e convivência social. Maria Miotto reforça: “A Praça das Rosas é ótima para levar as crianças, tomar chimarrão e encontrar amigos”, comenta. No entanto, o casal Ivana Hilgert e Carlos Merck sugerem mais atenção à demarcação de estacionamentos e à manutenção da praça. “O estado de conservação de algumas calçadas está deixando a desejar e falta manutenção de árvores e canteiros, além de que há muitos desocupados na praça”, contam.
Um ponto recorrente é a necessidade de melhorar a coleta de lixo. “Às vezes há lixo na rua Olavo Bilac, principalmente em frente ao Sicredi. Entretanto, uma das coisas que estamos observando é que diminuiu os cachorros sem dono no bairro”, apontam o casal.
Além disso, o abastecimento de água tem sido uma preocupação constante, principalmente pela falta de reservatórios em algumas residências e pela qualidade da água fornecida.
Potencialidades turísticas e culturais
Eventos como o Degusta Cidade Alta e Arte nas Praças também movimentam o bairro. “Quando viemos para cá, queríamos oferecer uma novidade ao bairro e atender essa demanda. Começamos com 12 expositores e, hoje, contamos com cerca de 60, trazendo produtos que vão desde artesanatos a gastronomia”, explica Alexandre Jaquetoni, empreendedor e organizador da feira Arte nas Praças, que ocorre duas vezes por mês, sempre na Praça das Rosas.
Ele destaca a limpeza da praça. “Usamos o banheiro aqui e está sempre limpo. As lixeiras também estão sempre organizadas. Como a gente faz nosso evento aqui, deixamos a praça limpa quando saímos. É um compromisso que temos com os órgãos públicos”, revela.
No entanto, ele destaca negativamente a segurança. “Já houve momentos aqui que levaram coisa da barraca, tive que sair atrás da pessoa, mas ligamos para a polícia. A Guarda Civil Municipal (GCM) veio depois de alguns minutos, porque tem câmeras aqui que acompanham todo o movimento da praça, então isso nos ajudou. Mas é sempre bom ter a GCM no local quando a gente faz o evento para trazer um pouco de segurança para os expositores. Não que seja uma cidade violenta, mas as pessoas também precisam se sentir um pouco seguras”, declara.
Para o próximo ano, Alexandre já planeja novas edições do Arte nas Praças, além de comemorações especiais para o segundo aniversário do evento no bairro. “Nossa ideia é continuar inovando e trazendo atrações que reforçam a Cidade Alta como um centro de convivência cultural e turístico. Em dezembro haverá a feira nos dias 8 e 14”, conclui.