A apresentação do Programa de Modernização da Vitivinicultura (Modervitis) a produtores, representantes da indústria e demais segmentos da cadeia produtiva, na manhã desta sexta-feira, 19 de setembro, foi marcada por anúncios importantes para o setor vitivinícola. No encontro, realizado na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), foi assinado o acordo de cooperação para identificação da demanda de qualificação da mão de obra na indústria vinícola entre o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Outro anúncio foi o lançamento da primeira chamada pública de Ass istência Técnica e Extensão Rural (Ater) pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para a próxima semana, que deve beneficiar, inicialmente, cerca de 800 famílias produtoras de uva no Rio Grande do Sul. Ainda no âmbito da agricultura familiar, também foi anunciada a assinatura de convênio que tem como objetivo qualificar a produção do chamado suco de uva panela, o que deve acelerar o processo de regulamentação do produto.

Na abertura, o presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Moacir Mazzarollo, destacou a abrangência do programa e citou a necessidade de melhorar os produtos para ter maior competitividade. “Quem dá o aval sobre esta qualidade é o consumidor, e este programa que está sendo lançado hoje vai ajudar neste processo de inovação, que deve ser contínuo”, disse.
O ministro interino do Desenvolvimento Agrário, Laudemir Müller, mencionou a assistência técnica e a disponibilização de crédito para os agricultores familiares por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) como ações importantes para que o Modervitis saia do papel e ajude a qualificar a produção e gerar mais renda para todos os elos da cadeia produtiva. “O setor decidiu inovar e se organizar para melhorar os processos produtivos e, consequentemente, ter ganhos de qualidade dos seus produtos”, elogiou, ao antecipar a divulgação da chamada pública de Ater.

O coordenador do Modervitis, José Fernando Protas, fez um resgate da articulação realizada desde 2006 para a implantação do programa até a sua inclusão no Plano Brasil Maior, do Governo Federal, neste ano. O pesquisador da Embrapa apresentou o desafio de melhorar a qualidade da matéria-prima através do aumento de graduação média das uvas para pr ocessamento. “Se aumentarmos a média de 14 para 17 graus Babo para uvas americanas e híbridas, por exemplo, podemos ter um aumento de 16% na renda dos viticultores, uma economia de 5% para a indústria, com uma produção final 20% maior”, ilustrou.

Após a apresentação do programa por Protas, ocorreram painéis para explicar o papel dos órgãos na operacionalização. O secretário de Inovação do MDIC, Nelson Fujimoto, falou sobre os cursos de qualificação oferecidos pelo Pronatec e que serão disponibilizados para setor vitivinícola. Pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o engenheiro Geanderson Lúcio de Souza Silva abordou as condições especiais de financiamento para as vinícolas que aderirem ao Modervitis, através do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), para a compra de máquinas e equipamentos, com juros subsidiados e taxas inferiores à inflação. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e A bastecimento (Mapa), João Salomão, citou a integração entre os diversos órgãos para estimular a adesão tanto da indústria como dos produtores. Salomão afirmou que, entre outros avanços, o Modervitis vai ajudar o setor a ter aumento de rentabilidade, com maior qualidade na produção de uva e, consequentemente, maior remuneração para os viticultores e qualidade do produto final.

O coordenador geral de Serviços Tecnológicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Jorge Campagnolo, antecipou a assinatura de convênio que vai qualificar a produção do suco de uva artesanal (de panela) e falou sobre os canais disponibilizados pelo ministério para acessar informações técnicas (www.respostatecnica.org.br). Campagnolo destacou dois projetos que já estão em andamento através da Rede de Centros de I novação em Vitivinicultura (Recivitis), que integra o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec): o projeto de qualificação matrizes de videira e a busca pela Indicação Geográfica (IG) para região da Campanha Gaúcha. “São exemplos que mostram que a inovação deve ser buscada sempre, com o objetivo de agregar valor aos produtos e ter vantagens competitivas”, finalizou.