Poder Público adota medidas preventivas para minimizar falta de combustíveis. Setores da economia registram perdas

A mobilização nacional dos caminhoneiros completa 10 dias nesta quarta-feira, 30. Para diminuir as filas de caminhões carregados de produtos nas beiras das estradas que só aumentam e gera tensão, o governo busca, por meio do diálogo com representantes sindicais, chegar a um acordo, porém, as propostas até então apresentadas não tem surtido efeito na classe que segue paralisada. As consequências do movimento que já eram sentidas pela sociedade desde o segundo dia de mobilizações, se intensificaram com o agravante da falta de combustíveis nos postos.

Sem o bem, diversas empresas têm que lidar com a escassez de estoques, fazendo malabarismos para manter as prateleiras cheias. Além do setor supermercadista e comércio, o meio rural e a farmácias também passam a sentir com a falta de medicamentos.

Prefeitura de Bento

No Rio Grande do Sul, cerca de 40 municípios decretaram situação crítica ou de calamidade, entre elas, Bento Gonçalves, que declarou emergência preventiva.

A decisão foi tomada no domingo, 27, após o prefeito de Bento, Guilherme Pasin, se reunir com o Gabinete de Crise, comitê criado para avaliar os desdobramentos decorrentes da greve dos caminhoneiros e decidir sobre ações necessárias, a fim de minimizar os efeitos à população. Na ocasião, também foi definida uma estratégia para busca emergencial de combustível, que será coordenada pela Secretaria de Segurança, destinado ao abastecimento de transportes essenciais, como ambulâncias, viaturas da polícia, veículos do transporte público e coleta de resíduos.

De acordo com a prefeitura, desde o início da paralisação, o Poder Público adotou medidas de racionalização do uso de combustível e insumos, a fim de não interromper os atendimentos essenciais à população.

Como está o atendimento público?

Conforme informou a Assessoria de Comunicação da prefeitura os serviços essenciais à população seguirão sendo oferecidos normalmente, apenas com restrições ao consumo de combustíveis. Atuação de cada secretaria:

Viação e Obras Públicas:
Continua em atividades, com serviços de pavimentação e bocas-de-lobo.

Administração e Governo; Finanças; Segurança; Saúde; CTEC; Procuradoria; Esportes; Turismo; Habitação e Assistência Social; IPURB; Cultura; Desenvolvimento Econômico: Todas essas mantém seus atendimentos normais.

Agricultura:
Mantém o expediente da Secretaria e o trabalho em redes d’água.

Meio Ambiente:
Suspendeu temporariamente roçadas, podas, etc.

Gestão Integrada e Mobilidade Urbana (especialmente DMT):
Somente atendimentos emergenciais.

Viação e Obras Públicas:
Pavimentação e limpeza de bocas-de-lobo estão ocorrendo.

Recolhimento de lixo:
Não sofre alterações, no entanto, recomenda-se que a população colabore com a redução do resíduo.

Saúde
Atendimento está mantido em todas as Unidades de Saúde, com contingenciamento nas vigilâncias em saúde.

Transporte coletivo:
Empresas Bento e Santo Antônio: 5h30min às 8h30min, das 11h às 13h30min e das 16h30min às 19h30min. Após às 20h não haverá circulação de ônibus.

Educação
Municipal: Aulas suspensas até o dia 30.
Estadual: aulas suspensas até o dia 1º de junho- conforme decisão de cada escola.

Brigada Militar:
Policiamento segue com efetivo normal, assim como as rondas ostensivas.

Principais setores sentem as mobilizações

As empresas moveleiras buscarão normalizar o ritmo de produção fazendo feriadão. Muitas estão desabastecidas no momento de gás e insumos como tinta, embalagem e acessórios, o que inviabiliza a produção. Existem casos de indústrias que, já na semana passada, fizeram paradas utilizando o banco de horas. Outras estão dando férias esta semana. É importante salientarmos que, mesmo antes da paralisação, havia empresas fazendo paradas estratégicas em função de ociosidade. A nossa resposta em qualquer situação é sempre o trabalho. É criar, vender e continuar estabelecendo um ciclo virtuoso, que precisa mais do que nunca da logística para poder se cumprir. Edson Pelicioli, presidente do Sindmóveis Bento Gonçalves. 

Estamos trabalhando no limite. Nossos funcionários, terceirizados e fornecedores não estão conseguindo chegar até as obras, os fornecedores de alimentação estão ficando sem gás para produção dos alimentos para nossos trabalhadores, máquinas ficaram retidas nos protestos, falta matéria-prima. Não se trata apenas de distribuição de combustíveis, o abastecimento de água para uso humano está comprometido. A greve mostrou a força dos caminhoneiros e, com a redução do preço do diesel e demais ajustes, está na hora de voltarmos ao trabalho. Teremos a oportunidade nas eleições deste ano de escolhermos melhor nossos representantes. Adriano M. De Bacco, presidente da ASCON Vinhedos.

É um momento muito complicado, extremamente difícil para o setor metal mecânico. As empresas começaram a parar na segunda-feira. Na terça o movimento se intensificou. Nesta quarta-feira, 30, segundo nossas estimativas, 80% da indústria do segmento estará parada. Começam a faltar insumos, como gás, tinta, etc. Os problemas mais gritantes são a falta de alimentação para os trabalhadores e transporte coletivo. Buscou-se alternativas para a semana passada, mas se tornam inviáveis com a sequência das paralisações. As orientações são que as empresas explorem o banco de horas, deem folgas ou até férias coletivas para reduzir as perdas. É impossível mensurar os prejuízos nesse momento. Teremos que trabalhar 30 dias para recuperar estes, nove, 10 parados. O receio é que a indústria não tenha condições de onerar os salários do mês. É gravíssima a situação. Vamos tentar sobreviver. Juarez José Piva, presidente do Simmme.

 

Desde a interrupção de atividades, nesta semana principalmente, os empresários registram a escassez de insumos e gás. Por atuar em 19 municípios observa que em algumas cidades a logística e distâncias definem o

grau do desabastecimento. Findando esta semana, para a maioria dos associados, será o divisor de águas quanto ao abastecimento em geral. Pela falta de combustível registramos também vários cancelamentos das reservas junto aos hotéis. O hóspede não consegue chegar. Na sua maioria os associados registram a queda de clientes. Assim temos estabelecimentos se ajustando para manter aberto, fechando principalmente por falta de gás, etc e cancelamento de reservas. Mesmo com a situação, os empresários se solidarizam com o movimento, pois sofrem também com a instabilidade econômica. Márcia Ferronato, Diretora Executiva do SEGH.