O acento do blues brasileiro impressionou os artistas estrangeiros que subiram nos palcos do Mississipi Delta Blues Festival, que ocorreu em Caxias do Sul na última semana e movimentou o cenário cultural da Serra Gaúcha. Nesta 10ª edição, o festival contou com nomes como Andrea Dawson (EUA), Alma Thomas (EUA) e Ian Siegal (UK), com repertórios que misturaram releituras de clássicos do gênero e composições autorais.

Mesmo a forte chuva de sábado, 25, não fez com que o movimento diminuísse. No Palco Magnólia, as expressivas vozes femininas reuniram milhares de pessoas, enquanto no palco Mojo Hand Stage, a música transitou entre o acústico e a verborragia característica dos solos de guitarra. As bandas brasileiras também tiveram destaque no Festival e despertaram atenção dos artistas internacionais, devido à sonoridade peculiar e à mistura de ritmos.

Foto: Daniela Xu

De acordo com o organizador e idealizador do Festival, Toyo Bagoso, a inspiração para criar o evento na região, há 10 anos, veio de uma viagem a Chicago. Ele comenta que o objetivo, desde o início, foi o de criar um ambiente de interação entre os músicos. “Os artistas de fora sentem que nosso blues tem um tempero diferente e acham muito interessante o sotaque da música brasileira. Eles valorizam muito isso”, comenta. Bagoso também relata que os produtores geralmente fecham turnês pela América Latina, assim os músicos tocam em outros lugares, além de Serra Gaúcha.

Na sua opinião, o blues brasileiro está passando por um processo de amadurecimento, com um aumento no número de músicos de qualidade, fabricantes de instrumentos, gravadores e produtores. “Antigamente, depois dos Estados Unidos, a França era o país que mais consumia blues. Mas na opinião dos músicos que tocam nos diversos festivais do Brasil, o público aqui tem crescido muito e talvez já assumimos a segunda posição”, avalia.