Durante passagem pelo município, foi proposto um acordo com vinícolas de não uso de mão de obra escrava no setor para ser apresentado em 30 dias

Na segunda-feira, 20, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, esteve em Bento Gonçalves ao cumprir agenda na Serra Gaúcha. Um dos encontros, realizados no Salão Nobre da prefeitura, integrou a agenda do titular da pasta no estado, principalmente para tratar sobre os trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão.

O prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira apresentou as medidas realizadas desde o início do fato pela Prefeitura de Bento Gonçalves. As primeiras medidas adotadas foram de acolhimento aos trabalhadores — abrigando e cuidando de sua saúde —, até que pudessem retornar para casa em segurança e com dignidade.

Ele também ressaltou que foi iniciada uma força-tarefa de fiscalização em alojamentos, visando verificar as condições oferecidas aos trabalhadores. Foi acompanhado o trabalho unificado entre as vinícolas, entidades e prefeituras. Além do trabalho de defesa aos agricultores e o setor na região. “As ações foram conduzidas desde o primeiro momento em que acolhemos os trabalhadores. Depois, iniciamos o trabalho de fiscalização e união do setor para que pudéssemos traçar estratégias e ações para que isso não ocorra novamente. Hoje é dado mais um passo para construção de ações conjuntas com o governo federal para que não tenhamos mais ocorrências do tipo e que possamos evidenciar a importância da região, do setor, das vinícolas e do nosso agricultor”, salienta.

O presidente da Câmara de Vereadores Rafael Pasqualotto destacou. “Quem conhece o trabalho diário do nosso agricultor, que acorda na madrugada, às 4h todos os dias, sabe que ele vive de vindima. E ela não é só festa, é vida. Mais de 50% dos nossos cidadãos não são daqui, a diversidade no país é linda e Bento é uma cidade hospitaleira. Ministro, que daqui saiam ensinamentos sim, mas pedimos, principalmente, uma legislação que consiga atender e que se dê atenção ao todo”, pontuou.

Em seu pronunciamento, o Ministro também defendeu ações conjuntas e o alinhamento de estratégias. “Precisamos trabalhar conjuntamente para erradicar o trabalho escravo. Nós precisamos enfrentar de maneira muito séria este debate. Queremos que o vinho brasileiro seja motivo de orgulho. Precisamos debater não só pela questão econômica, mas pela questão humana. Queremos atuar para resolver os problemas e evitar que possa acontecer novamente em qualquer local do Brasil”, comentou.

Estiveram presentes o presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), Alcione Graziotin; procurador geral do trabalho, José de Lima Ramos Pereira e superintendente regional do trabalho, Claudir Nespolo. Também estiveram presentes os deputados federais Denise Pessoa e Pepê Vagas, e os estaduais Laura Sito, Matheus Gomes e Miguel Rossetto.

Encontro com representantes

Ainda, durante sua passagem pelo município, Marinho visitou o local onde os trabalhadores foram encontrados. Durante a visita, Marinho criticou duramente como os trabalhadores foram encontrados. “É preciso, primeiramente, valorizar a pessoa humana. Vamos acabar com isso, voltar a fiscalização do trabalho escravo. A empresa terceirizada não tinha condições de contratar os trabalhadores e a necessidade do lucro, acabou colocando o grupo contratado naquela situação”, avaliou o ministro.

Além disso, teve uma reunião com representantes dos produtores de uva, onde foi proposto um acordo com vinícolas de não uso de mão de obra escrava no setor para ser apresentado em 30 dias. Na oportunidade, o ministro anunciou a criação de um grupo de trabalho com representes do setor produtivo, sindicatos e autoridades locais para discutir a contratação de mão de obra para o período das safras.