Apesar de Bento Gonçalves e região serem conhecidas por possuírem grandes vinícolas e uma das principais exportadoras de vinho e espumantes do Brasil, a Serra Gaúcha é composta por centenas de pequenas vinícolas, provenientes de produtores de uva que, nos últimos anos, passaram a produzir o seu próprio vinho. O resultado é dado final do Censo da Indústria Vinícola do Rio Grande do Sul, elaborado por demanda do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Com entrevistas a mais de 346 produtoras de vinho de todo o Rio Grande do Sul, o estudo abrange 79% das empresas registradas no cadastro vinícola do Estado, que são 545 no total. O diretor-executivo do Ibravin, Carlos Paviani, explica que a análise foi uma solicitação da entidade para conhecer melhor o seu público-alvo e reconhecer as carências do mesmo. “Nós trabalhamos nesta pesquisa porque tínhamos a necessidade de conhecer mais detalhadamente o nosso setor. É claro que sabíamos da maioria das informações, mas não com a riqueza de detalhes apresentada no diagnóstico”, afirma.

Os dados do estudo apresentaram que a média de idade das empresas é de 26 anos, com a percepção de que um maior número de empresas foi aberta nos últimos 10 anos. O porte pequeno é maioria, sendo que mais de 85% tem até nove funcionários. Em relação à receita bruta anual, o valor é inferior a R$360 mil em 61% das empresas. A pesquisa aponta também que 78% possuem vinhedos próprios, com média total do Estado de quase 17 hectares por vinícola. Do total pesquisado, em torno de 90% das videiras estão localizadas na Serra Gaúcha e 4,5%, na Campanha.

Paviani explica que a necessidade da campanha se dá para que os próximos passos do Ibravin possam ser traçados. “A partir da análise, poderemos projetar nosso calendário de atividades 2015 baseado nas necessidades das vinícolas, que são o nosso público-alvo interno. Queremos dar mais poder de concorrência para os pequenos produtores”, explica. Na Serra, a média de hectares por vinícola é de 8,7.

Paviani também coloca que a maioria das vinícolas tem gestão familiar e terceirização do setor de contabilidade. A contratação de profissionais é apenas para o auxílio na colheita da uva e serviços gerais, dificilmente são contratados profissionais qualificados que ajudam na produção do vinho. “Não cabe ao Ibravin julgar a situação ou a forma de administrar de cada empresa, mas sim entender quais são os motivos que as leva trabalhar desta forma e buscar as melhorias necessárias para que o crescimento seja constante”, aponta.

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