Moradores destacam aspectos positivos do bairro, incluindo melhorias na segurança. Outros fatores, como o comércio e o lazer, foram citados como positivos, por eles

Ouro verde é um bairro, atualmente, considerado seguro por quem habita o local, condição que, até pouco tempo atrás, deixava muito a desejar. Além disso, a região se desenvolveu muito rapidamente, tendo um forte e variado comércio, que facilita a vida das pessoas. Outro aspecto positivo que é destacado pelos é o lazer, diante de uma estrutura que tem pista de skate, quadra de esportes e academia ao ar livre.

A praça do CEU é considerada um importante local de lazer pelos moradores

Luci Teresinha Persale, 61 anos, atualmente, fica em casa para cuidar do marido que está se recuperando de um acidente. Passou a morar no bairro há 35 anos, quando o loteamento estava recém iniciando e, por isso, os preços dos imóveis eram mais acessíveis. “Gosto de tudo aqui, temos comércio, e essa praça CEU veio para melhorar. Contamos com academia, grupo de ginástica nas quartas-feiras e nossa horta comunitária. A vizinhança é boa, e se fosse para trocar de bairro, preferiria trocar de cidade”, assume.

Por muitos anos, ela diz que sentiu receio em morar no Ouro Verde, mas conforme o tempo foi passando, isso foi mudando. “Me sinto segura agora, mas teve uma época que era perigoso, que ocorria muita morte, mas agora acalmou. E com a nossa casa, com as nossas coisas, ninguém nunca mexeu. O que ocorria eram brigas entre grupos”, destaca.

Apesar de gostar do bairro, há melhorias que ela gostaria de ver acontecendo no bairro. “O transporte público anda bem ruim, justamente pelos poucos horários de ônibus, pararam de passar muitos que transitavam na frente da minha casa desde que foi construído o condomínio Novo Futuro. Então, nós precisamos ir mais longe para pegar o ônibus”, explica. “Minha filha trabalha em um mercado no Progresso, e fica difícil para ela. Se pega o horário da 6h20min, dá muitas voltas até chegar no local. E no sábado não tem, ela tem que pegar o ônibus às 5h50min. Já no domingo, tem um a cada duas, três horas. Sem falar que quando ela sai do trabalho, não tem transporte para voltar, ou pega um carro particular ou vai a pé”, conclui.

Valdirene de Oliveira, 53 anos, natural de São Luís Gonzaga, veio morar em Bento Gonçalves com o marido, após a irmã casar e passar a residir na cidade. Por alguns anos, viveu com ela no bairro Ouro Verde, e, depois de três anos, comprou sua casa própria. “Quando chegamos era diferente, melhor para a gente viver, na verdade. Só tinha três ruas e o resto era tudo mato, uma tranquilidade sem fim. Não tínhamos nada cercado e nunca ninguém entrou. Também a temperatura era diferente quando viemos para cá. De dia o sol era até quente, mas de noite era bem fresquinho”, aponta.

Valdirene de Oliveira observa que o bairro cresceu muito, pois, quando chegou lá, o local só tinha três ruas

Desde que passou a viver no seu endereço atual, se encantou. Mesmo com as mudanças que foram ocorrendo ao longo dos anos, principalmente na questão de aumento da população. Ela garante que não há local melhor do que onde vive e nem sequer pensa em mudar de bairro. “Não me imagino morando em outro lugar, adoro viver aqui porque tem escola, posto de saúde, conheço todos os vizinhos mais antigos. Não tenho nenhuma reclamação sobre o bairro. Até disse para o meu genro que posso viajar para várias cidades, mas não tem sensação melhorar do que chegar em casa”, confessa.

Leoni Pedrotti, aposentada, 76 anos, vive no Ouro verde há quase uma década, e fala que, com o passar dos anos, o lugar foi se tornando melhor e, principalmente, mais seguro. “Por enquanto está sendo calmo, já foi mais violento e perigoso. Agora melhorou muito, me sinto muito segura aqui”, afirma.

O bairro, em grande parte, não tem pavimentação asfáltica, apenas calçamento. Para ela, seria melhor se as ruas fossem asfaltadas. “Uns dizem que é melhor ter asfalto, outros acham que não porque senão os carros passam a correr muito. Acredito que seria bom, até para reduzir o barulho na frente das casas, por ser calçamento”, salienta.

Comércio no bairro

O local é vasto em comércios familiares e locais, como mercados, pet shops, lojas de vestuário, lancherias, entre outros. Isso é uma qualidade positiva na opinião dos moradores, já que facilita a vida de todos com os estabelecimentos próximos, e por isso os valorizam. Michele Haus trabalha em uma pet shop, tem 40 anos, e percebe que o local tem sido bom para os empreendedores. “É um bairro com muito movimento, o pessoal vem muito aqui, pelo pouco tempo que estou, tenho notado muito isso. Os moradores ao redor são os que mais frequentam o comércio daqui, e apoiam bastante”, confirma.

Michele Haus, funcionária de um petshop, comenta que os residentes do Ouro Verde valorizam o comércio local

Sobre 2023, ela acredita que quem faz o ano ser bom ou não é o próprio comerciante. “Tem que ter muita coragem para empreender, mas não acredito que exista ano difícil. Se abaixar a cabeça e trabalhar se consegue, mas vai ter dificuldades sempre, não acho que o ano tenha sido negativo por isso”, afirma.
Ela observa também que muitos estabelecimentos se mantém ativos no local, enquanto outros surgem, justamente pelo fato de os moradores serem clientes fieis. “Os moradores não procuram fora, eles ajudam o comércio local. Isso é muito importante, porque vejo bairros onde as pessoas fazem questão de não comprar e acreditam que só é bom o que é de fora”, acrescenta.

No ano de 2000, um mercado familiar foi instalado no bairro. Diretamente do Paraná, a família de Délcio Pandini, administrador do mercado, passava a ter um comércio no local. “Não vejo nenhuma parte negativa em empreender aqui, há 24 anos minha família veio do Paraná e montamos nosso comércio. Nos estabilizamos aqui, nos sentimos seguros, fomos muito bem acolhidos e não temos pretensão nenhuma em sair”, assegura.

Pandini conta que o pior ano, até agora, foi o da pandemia da Covid-19. “Depois disso deu uma estabilizada, e neste ano estamos em uma situação boa. Além do que, nossos clientes são fiéis, temos convênios, eles compram todo mês, então para nós está recuperando muito bem”. O ano, para ele, “foi difícil para o comércio, por estar se reerguendo de novo, mudou a questão política, e temos esperança que melhore. Mas não dá para reclamar, porque está difícil para todo mundo, mas temos que ter esperanças de melhoras”, aponta.

Délcio Pandini, administrador de um mercado no bairro, veio com a família e abriu o comércio no ano de 2000

A maior parte de sua clientela é das imediações, pessoas bastantes fiéis, não só pela proximidade mas pelas opções de pagamento oferecidas. “95% do nosso público é do bairro, ou da região como Zatt, São Roque e Aparecida. Como nossos colaboradores são daqui do Ouro Verde, nós mesmo procuramos dar espaço para pessoas da região”, declara.

José Eduardo Santos, aos 20 anos, decidiu abrir seu próprio negócio, e também optou pelo Ouro Verde. “Escolhi por conta da localidade, pelo movimento já que é próximo de mercado, posto e lancheria, e perto de onde moro”, destaca.

Santos não se arrepende da escolha, afinal, nota que o local tem sido adotado por muitos que desejam empreender. “O comércio vem crescendo, tanto na minha área como em outras. O pessoal procura o local para comercializar. E na minha barbearia vêm pessoas de diversas localidades”, garante.

Para ele, economicamente, 2023 foi um ano tranquilo, mas um pouco demorado. “Tipicamente o ano dá uma melhorada em abril, e neste só passou a melhorar em agosto. Então foi um ano que deu custou mais para deslanchar”, diz