O sucesso só vem antes do trabalho no dicionário

Um paulista que escolheu a Capital do Vinho para trabalhar. Este é Maximiliano Cassilha Kneubil, médico mastologista, que está à frente do Serviço de Mastologia do Instituto do Câncer do Hospital Tacchini há oito anos.

Nascido em Jundiaí, viveu praticamente toda a sua vida em São Paulo, com a família, a qual considera o seu principal porto seguro. Cursou medicina na Universidade Federal de São Paulo, onde também fez sua residência médica em mastologia. “Em 2010, quando terminei a residência médica em Mastologia, após 11 anos de estudo – foram seis de graduação, três de residência em Ginecologia, mais dois anos de residência médica em Mastologia- , ainda estava insatisfeito, pois muitas pacientes eram submetidas a mastectomia. Elas estavam curadas do câncer de mama, mas, mesmo assim, se sentiam mutiladas com perda importante da feminilidade”, revela.

Por isso, ele conta que decidiu dar um passo a mais em sua carreira. “Em 2010 fui fazer um Fellowship em Reconstrução Mamária em Milão, na Itália, o principal Centro da Europa especializado no Tratamento e Pesquisa do Câncer de Mama, por dois anos, para tratar melhor minhas pacientes”, pondera. Segundo Maximiliano, o plano era retornar para São Paulo e iniciar uma carreira acadêmica. “Entretanto, no primeiro ano em Milão, conheci minha esposa, a Janaina Brollo, que é oncologista e estava fazendo uma pós-graduação em câncer de mama. Primeiramente pensamos em voltar para os ares paulistas, porém, devido à qualidade de vida, optamos por estabelecer nossa vida na Serra Gaúcha. Hoje, temos a Victoria, de cinco anos, nossa filha pela qual temos um amor infinito”, considera.

Carreira

Ver mulher superando uma doença ainda tão prevalente quanto o câncer de mama, é um dos aspectos pelo qual é apaixonado em seu trabalho e, por isso, escolheu sua carreira. “Ficava admirado vendo meus professores da área da mastologia permanecendo ao lado das pacientes que apresentavam um diagnóstico de câncer de mama de modo tão humano e acolhendo, e no mesmo tempo, sempre oferecendo o melhor tratamento disponível”, salienta.

No Tacchini, onde trabalha, ele pontua que muitas ações foram e estão sendo desenvolvidas para cuidar das mulheres acometidas pelo câncer de mama. “Em 2013, começamos a oferecer reconstrução mamária imediata pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em pacientes que faziam mastectomia pelo SUS no Hospital Tacchini. Também tivemos o primeiro caso de radioterapia intra-operatória da Serra Gaúcha, em 2016, que foi realizado na Casa de Saúde. Neste processo, o paciente recebe uma dose equivalente a seis semanas do tratamento convencional. Ou seja, o que seria feito em mais de 40 dias pode ser resolvido em, no máximo, cinco minutos, durante a cirurgia. Isso poupa a saúde do paciente, que pode estar bem debilitado, e também evita o deslocamento em vários dias, já que muitos precisam viajar para outras cidades para se submeter a sessões de rádio”, explica.

Um dos muitos momentos marcantes de seu trabalho foi no ano de 2014, quando foi um dos fundadores do Banco de Perucas de Caxias do Sul. “Ele foi fundado por médicos, empresários e pacientes, e ao longo destes 6 anos desenvolveu inúmeros projetos, beneficiando pacientes do SUS com câncer de mama da nossa região atendidas pelo Hospital Geral: perucas de cabelo natural emprestadas para as pacientes em tratamento do câncer da instituição, colocação do clipe mamário, avaliação onco-genética, exame de gama-probe, entre outros”, pontua.

Maximiliano também se sente orgulhoso pois, em pleno Outubro Rosa, teve dois trabalhos científicos escolhidos como os melhores da Jornada Paulista de Mastologia, o maior evento de Mastologia da América Latina. “Ter um trabalho científico escolhido entre os oito melhores já é uma imensa honra. Imagina a felicidade do pesquisador ter conseguido o primeiro e o segundo lugar com dois trabalhos diferentes”, enaltece.

Favoritos

Você tem hobbies ou passatempos? Natação;
Felicidade: Estar em família;
Praia ou campo? Praia;
Um ídolo: O professor Umberto Veronesi, que foi o coordenador do Instituto Europeu em Milão por muitos anos e que, em 1980, mudou um paradigma da medicina, demonstrando cientificamente que muitas pacientes poderiam fazer um tratamento conservador da mama, preservando-as e retirando somente a área tumoral, pois antes dele, o tratamento padrão na época era a mastectomia (retirada de toda mama) independente do tamanho do tumor de mama;
Sobre o futuro, quais são os seus planos? Concluir o Doutorado pelo Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul, avaliando genes de reparo em Câncer de Mama.