Novas regras para o Ensino Fundamental vão exigir investimentos e mais profissionais,
avalia a diretora da Escola Medianeira, irmã Isaura Paviani

A diretora do Colégio Scalabriniano Medianeira, irmã Isaura Paviani, com 42 anos de docência e há 30 no comando do educandário, comenta que as mudanças propostas pelo governo do Estado já eram previstas, pelas escolas particulares de todo país, há vários anos. Ela cita a Base Nacional Comum Curricular, que entrou em vigor em 2019, e diz que o que está ocorrendo é uma gestão colegiada, inclusive na forma da escolha da direção”. E lamentou a falta de reconhecimento às escolas particulares. “Segundo a Constituição, os pais têm direito de escolha, tanto em escola privada quanto pública. Mesmo porque, se estudarmos a história da educação no Brasil, ela sempre foi fundamentada e alicerçada pelas escolas particulares, na sua grande maioria, católicas”, comentou.

Irmã Isaura considera positivo que o Estado se organize, mas adverte a necessidade de investir em ferramentas que se adequem aos alunos. “E isso tem um custo elevadíssimo. Nós já temos estas ferramentas, ou pelo menos, muitas delas, e são custos muito elevados, mensais”, pontua a educadora. Para ela, os reflexos no processo ensino-aprendizagem estão diretamente ligados ao professor. “Ele precisa ter a mentalidade aberta, aprendendo sempre, e com uma formação muito adequada na sua diversidade. O professor que não consegue perceber que há uma ligação muito grande entre todos os componentes curriculares, hoje, não pode mais ser professor. Ou estudamos a vida inteira, ou paramos no tempo. As universidades também precisam mudar. Muitas delas estão aquém de muitas escolas” garante.

Irmã Isaura Paviani, diretora do Medianeira, analisou mudanças sob o ponto de vista das escolas particulares

As medidas tendem a ter um impacto financeiro muito alto, na avaliação da irmã Isaura, inclusive nas redes municipais de ensino. “O investimento é muito alto, os sistemas são caríssimos e precisam ser atualizados constantemente, já que surgem novas tecnologias a todo instante, e é necessário ter profissionais, na escola, preparados para lidar com isso. Os municípios não estão preparados para isso. É importante deixar claro que o investimento de 20% previsto em lei, para a educação, não é somente para as escolas municipais. Por município se entende escolas públicas e privadas. E onde está o valor da escola privada? Nós também pertencemos ao município. E quando se fala em “municipalização do Ensino Fundamental”, entendo que os custos para os municípios serão muito maiores. Estes 20% não terão condições de absorver todos os investimentos necessários nesta área. É preciso investir muito na Educação Infantil”, avalia.

Imagem de capa: Reprodução/Metrópole

Foto: Arquivo Pessoal