Se o pão é necessário para o corpo, o convívio social é necessário para o corpo e para a mente. O imigrante, assentado no Rio Grande do Sul no final do século XIX (19), lutou arduamente para garantir sua sobrevivência. Sucessivamente gerações de descendentes deste bravo imigrante procederam da mesma forma. Muitos assentamentos se desfizeram por causa do isolamento social, incapazes de encontrar formas aceitáveis de convivência. Normalmente nestas epopeias que marcaram profundamente a História do Povos, destacam-se as carências e os êxitos econômicos. A sociabilidade é essencial ao homem e é indispensável que sejam criadas as condições para que ela se manifeste.

Para realizar o apelo da sociabilidade e realizar-se humana e socialmente, o homem cria rituais e cenários, faz-se ator e espectador, numa multiforme objetivação da sociabilidade, nas circunstâncias de espaço e de tempo em que lhe for dado para viver. Por mais humilde que seja, por mais distantes se encontre de suas primeiras raízes, deixa de ser apenas um SER NATURAL para tornar-se um SER CULTURAL E HISTÓRICO.

O imigrante e seus descendentes, vivendo em condições adversas às de todos os transferidos para regiões inópidas às suas origens, desenvolveram formas de convivências e de lazer, num ambiente de trabalho exaustivo, que poderia tê-lo embrutecido. Porém, em torno da CAPELA (capela é a igrejinha sucursal da igreja matriz, nas colônias de assentamento de imigrante, mas designa, também , a sociedade típica que se formou ao seu redor, com sua forma religiosa , social, cultural e econômica de ser), erguida por este ator anônimo ao longo de linhas e travessões, num regime de pequena propriedade familiar, concebido e desenhado pelo governo Imperial Brasil. Todos igualmente responsáveis , todos atores do mesmo palco e da mesma cena, sem nenhum astro convidado, ao menos no plano local.

A igrejinha rural denominada CAPELA, foi sempre mais que uma construção destinada ao culto. Foi um centro aglutinador; isto é: EXPRESSÃO DE TODAS AS ASPIRAÇÕES DE UM POVO. No ambiente da imigração, aqui em relevado destaque, constitui, desde cedo, um centro religioso e social, articulador de muitos e consistentes valores culturais, familiares e religiosos. As sedes paroquiais, por pequenas que fossem, contavam com estrutura econômica, sócio política e religiosa. Na CAPELA tudo é mais simples, mais humilde e mais próximo da originalidade, pela singela, pela criatividade e, sobre tudo, pela sua intensidade vivencial. A riqueza interior das pessoas manifestava-se sem rodeio e de forma espontânea.

As CAPELAS conheceram esta dimensão social, promotora de laços familiares e de profundas e alegres interações…
O livro sobre as capelas desta terra traduz o conhecimento desta caminhada de “VALORES DE UM POVO??” ou apenas uma amostra de lindas fotografias???