O luto é um processo natural de aperceber-se intrínseco à uma experiência de perda, mudança ou ruptura. Acontece de forma dinâmica e complexa, por envolver diferentes dimensões do ser humano. Abrange, de modo consciente ou não, as funções do ego, atitudes, defesas e suas implicações com os demais. Por tratar-se de uma experiência intensa, é comum que cause confusão, estranheza, além dos sentimentos de pesar por algo ou alguém ter sido tirado. No luto normal, o sofrimento provocado pela perda de um ente querido é inegável, até porque o próprio termo luto, na etimologia da palavra, significa dor, desafio ou uma espécie de batalha a ser enfrentada pelo enlutado. Diante da perda da pessoa que se ama, uma parte de quem ficou também se esvaira. Acredita-se que esta sensação de vazio deixado por aquele que partiu diz respeito ao tipo de vínculo afetivo formado ao longo da vida. Logo, a experiência do luto se mostra desafiadora e complexa, na medida em que requer um intenso e constante esforço psíquico de quem permaneceu em vida para recuperar as conexões com a realidade, desligando-se dos aspectos que acabam mantendo distante pela dor da ausência, na finalidade de assimilar, aos poucos, as lembranças positivas e que se tornam capazes de aconchegar nos momentos mais difíceis do luto. O sofrimento provindo das perdas advém do investimento afetivo que foi atribuído à pessoa, ao vínculo e mesmo à sua perda.

Apesar de constituir uma situação de crise normativa ao desenvolvimento humano, compondo parte do ciclo vital, a experiência do luto pode acarretar em complicações que precisam de atenção e cuidados, sobretudo no que se refere às formas como esta vivência vai sendo elaborada ao longo do tempo. Enquanto as reações somáticas e psíquicas do enlutado apresentam uma proposta adaptativa, que é a de reestabelecer o equilíbrio da realidade para a retomada de controle sobre a vida, fala-se sobre luto normal. Na medida em que acontecem alterações no juízo da realidade, deformando ou enganando contextos diários na tentativa de viver como se mudanças não tivessem acontecido, mesmo algum tempo depois do evento, considera-se luto complicado. É preciso lembrar, antes de tudo, que o luto constitui uma experiência diferente em cada cultura e em cada etapa do desenvolvimento individual. Por isso, a importância de se estudar sobre os tipos de sintomas que surgem a partir do luto, a fim de identificar quais são característicos de complicação e requerem maior atenção.

Algumas manifestações mais diretas como, por exemplo, depressão, insônia, sintomas relacionados a medos ou ansiedade ou sintomas associados ao uso de medicações. Outros fatores não especificamente relacionados ao luto também devem ser considerados como, por exemplo, tudo aquilo que vem por meio das situações de estresse. É sempre importante solicitar auxílio de pessoas ou profissionais que possam fornecer explicações ou ampliar possibilidades de compreensão sobre as formas de vivenciar esta experiência e trabalhar para a sua elaboração, sempre buscando maior qualidade de vida e bem-estar diante da necessidade de reorganização.