Falar dos problemas e da falta de ação do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) é quase como bater em um bêbado: não tem graça nenhuma. O problema é que o departamento é responsável por garantir a segurança de todos nós nas estradas gaúchas e, para nossa infelicidade, isso não vem acontecendo há um bom tempo.
A falência de gestão do Daer é algo nítido, público e notório. Nos últimos dois anos, pelo menos no que diz respeito às rodovias da Serra Gaúcha, ouviu-se muitos discursos inflamados e pouca, mas muito pouca ação. Um novo ano começa e os jornais da região voltam a manchetear outro adiamento anunciado pelo órgão que deveria cuidar de nossas estradas.
A situação já passou e muito do ridículo ou do aceitável. Nem o desmoronamento da ERS-431, ocorrido no longínquo 22 de novembro, conseguiu mobilizar a parte operacional do Daer. Agora, o projeto emergencial levará, no mínimo, 60 dias para sair do papel. Quem mais sofre com este descaso são os produtores rurais. Terão que fazer uma quilometragem duas vezes maior para poder entregar a produção de uva. Mais do que isso, os moradores próximos da ERS-431 não terão a venda direta ao consumidor, algo que garantia uma renda extra entre janeiro e março. A população está cansada de esperar por melhorias que nunca chegam.
E, como não falar do tão enrolado e arrastado Crema/Serra. Entramos em 2014 e o projeto que prometia uma recuperação fantástica de algumas rodovias ainda não saiu do papel. O Daer culpa, mais uma vez, a burocracia, como quem tenta tapar o sol com a peneira. Quantos governos teremos que esperar para vermos o departamento se tornar um órgão funcional?
Para o dia 17, está marcada uma mobilização nas principais rodovias da Serra Gaúcha. Será um primeiro ato para mostrar a indignação da comunidade serrana com a falta de zelo e cuidado com as estradas da região. Porém, só entregar panfletos não resolve. É preciso ações mais duras que realmente façam o governo entender a necessidade de melhoria das nossas rodovias.
Um pouco de radicalismo, como o fechamento por algumas horas de algum trecho, em um movimento organizado e inteligente, com o objetivo de dar visibilidade a nossa causa. Enquanto nossas reclamações ficarem entre quatro paredes, vai ser sempre desta forma: a região que impulsiona a economia do estado sendo renegada por ele.
O Daer, de forma prática e urgente, precisa de um choque de gestão. O setor é um órgão vital para qualquer governo mas, pelo visto, nossos governantes não entendem desta forma. Estão fazendo de tudo, e estão conseguindo, mudar a sigla do departamento. Não falta muito para o significado de DAER passar a ser Departamento Autônomo de Enrolação e Rodeios. Um triste fim para um órgão que tem fundamental importância na vida do Rio Grande do Sul.