Não é necessário ser um profundo conhecedor de política para entender que o fluxo de tudo neste mundo vem de cima para baixo, do governo federal para o estadual e, por fim, para os municípios. Desta maneira também ocorre a cedência de ajuda e envio de recursos para assuntos variados. Porém, quando um município precisa, de maneira repetitiva, pedir auxílio para algum assunto, isso possivelmente aponta para a falta de compromisso de alguma das partes.
Porém, quando o administrador de uma cidade recebe, de maneira inesperada, a promessa de uma ajuda, não há quem não fique com as esperanças renovadas e mais alegre do que ver chuva nesse verão.
Monte Belo do Sul e Santa Tereza receberam, e ainda aguardam, a promessa de um auxílio do Daer para melhorar estradas que têm servido como desvio para quem necessita passar pela ERS-431, que tem trechos em péssimo estado e um ponto desabado desde o final de novembro. Porém, esse roteiro que é conhecido há cerca de cinquenta anos, já teve capítulos e mais capítulos somente nos últimos meses, e ainda parece muito longe de um final feliz daqueles, dignos de reunir a família em frente à televisão.
Quando esteve em Bento Gonçalves no mês de janeiro acompanhando o secretário de Infraestrutura, o diretor-geral do Daer, Carlos Eduardo Vieira, comunicou que os dois municípios receberiam verbas da autarquia para colaborar na manutenção das estradas.
Entretanto, desde o anúncio em tom salvador, os prefeitos já ouviram a mudança do discurso. Agora, os administradores aguardam o Daer chegar com as máquinas para tomar conta de tudo.
Resta saber qual o maquinário que será enviado para a Serra, se será o de uma empresa contratada por meio de licitações demoradas, ou o antigo de propriedade do Daer, que é datado da década de 80.
Enquanto ainda discutem de quem é este filho, resta aos prefeitos dos dois municípios, com orçamentos modestos, prepararem os chapéus e armar o acampamento às margens da rodovia para recolher ajuda. Desta maneira o socorro certamente será mais rápido, ágil e eficiente.
E para aqueles que imaginaram que por ser ano de eleições a rodovia estaria renovada num piscar de olhos, fica a prova de que o cobertor curto do Estado continua pequeno. O processo de sondagem que antecede a reconstrução do trecho está acontecendo mas, Santa Tereza e Monte Belo, que até então não tinham relação com o buraco do descaso, agora aguardam pacientemente por providências. Para aqueles que ainda tem fé, resta rezar para que esta novena não demore mais cinquenta anos para ser concluída.