Entenda um pouco mais sobre as doenças que afetam 100 pessoas a cada 100 mil habitantes no país

As Doenças Inflamatórias Intestinais (Dlls), são um termo genérico para descrever uma condição inflamatória crônica do trato digestivo, que está presente em 100 pessoas a cada 100 mil habitantes no Brasil. Suas maiores concentrações se dão no Sudeste e no Sul do país. Estas doenças, facilmente confundidas com alergias ou intolerâncias, fazem com que seu diagnóstico possa ser demorado. Por isso, a campanha Maio Roxo serve para relembrar sobre a importância do diagnóstico precoce.

Elas podem surgir em qualquer idade, sendo 5% em crianças com menos de cinco anos e 15% em adultos com mais de 60 anos. A médica gastroenterologista do Hospital Tacchini, Vanessa Ferlin, explica quais são as doenças mais comuns dentro das DIIs. “Existem dois tipos: doença de Crohn e Retocolite ulcerativa. A primeira pode acometer intestino delgado e grosso, além do trato digestivo superior como boca e estômago. Já a segunda acomete o intestino grosso e reto”, salienta.

Conforme a profissional, seus principais sintomas são: dor abdominal, diarreia, presença de sangue ou pus nas fezes ou muco branco, mas que ela também pode agir de forma mais silenciosa, como anemia ou fadiga. Apesar dos sinais, o diagnóstico não é tão simples. “Inicialmente podem ser confundidas com intolerâncias alimentares, infecções e até mesmo com câncer de intestino. Mas os exames de investigação, em especial a colonoscopia, auxiliam no diagnóstico diferencial com outras enfermidades”, esclarece.

Após o diagnóstico, se inicia o tratamento. “Que é realizado com medicações que visam interromper o processo inflamatório e cicatrizar a mucosa, controlando assim a doença. A cirurgia é reservada para complicações associadas a ela, como fístulas, obstruções intestinais”, aponta.

Ela também ressalta que a maioria das pessoas diagnosticadas terão que fazer uso de remédios para toda vida. “Na grande maioria dos casos. Em alguns deles, a cirurgia pode ser curativa, principalmente nos pacientes com retocolite ulcerativa, mas este não é o tratamento escolhido inicialmente”, frisa.

Esta enfermidade também se pede uma mudança no estilo de vida. “O desenvolvimento delas está ligado a problemas do sistema imunológico. Entretanto, já se sabe que fatores emocionais podem exacerbar os sintomas e aumentar o número de crises da doença. Controlar o nível de estresse é fundamental. Identificar e tratar depressão também é importante. Manter atividade física regular, praticar atividades de lazer, alimentação saudável, não fumar e um bom padrão de sono auxiliam a controlar esses fatores”, elucida Vanessa.

A importância de estar sempre monitorando a doença ao longo do tratamento é porque ser portador de uma DLL aumenta o risco de câncer de intestino. “A probabilidade do paciente desenvolver câncer colorretal após 10 anos do diagnóstico é 2%, mas pode subir para 20% depois de 30 anos da doença”, finaliza a médica.

Influencer fez da internet seu diário

Lorena Eltz é uma influencer gaúcha que fez da internet seu diário. É nas plataformas ela compartilha como é viver com a doença de Crohn e quais as dificuldades. Com meio milhão de inscritos no Youtube e no Instagram, Lorena mostra a realidade sobre seu dia a dia com a bolsa de ostomia, sua alimentação, exames e rotina médica. Além disso, conscientiza mais pessoas a respeito da patologia que faz parte de sua vida desde a infância.

No último dia 19, de conscientização das Dlls, Lorena fez um post onde colocou duas fotos mostrando fases diferentes da doença e publicou dizendo: “Nas duas fotos temos a mesma pessoa com a mesma doença de Crohn! Então, lembre-se dessa imagem antes de falar para alguém que ela ‘não parece’ ter algo”, publicou.

Orientações

Principais alimentos a serem evitados:
– comidas gordurosas;
– álcool;
– cafeína;
– açúcar;
– produtos com sorbitol (como balas sem açúcar e chicletes);
– vegetais que aumentam a produção de gases (como feijão, repolho e batata doce);
– leite e derivados;
– alimentos picantes ou com muitos conservantes.

Outras recomendações:
– faça uma lista dos alimentos que possam estar associados ao aparecimento das crises e evite-os;
– adote uma dieta com baixo teor de gordura e rica em fibras, mas cuidado com os vegetais que aumentam a produção de gases, como repolho, couve-flor, batata doce, feijão, entre outros;
– evite ingerir bebidas alcoólicas e as que contêm cafeína;
– procure não mascar chicletes nem chupar balas que contenham sorbitol;
– mantenha um programa diário de exercícios físicos;
– não fume;
– não despreze o benefício que a psicoterapia e outras técnicas terapêuticas (relaxamento, por exemplo) podem trazer.